Nada melhor para retornar das férias do que trabalhar um tema que costuma interessar a todos: a superstição!
Tão antiga quanto a própria civilização humana, a superstição nasceu com a finalidade de reduzir as angústias ante ao desconhecido (dando a impressão de existir algum controle ou conhecimento sobre coisas que até então eram – ou ainda são – incontroláveis e incompreensíveis), além de é claro, servir para controlar o comportamento de outrem por intermédio do medo e da culpa.
Obviamente não conseguiremos trabalhar todas as superstições existentes, portanto, para início selecionei uma muito frequente e interessante cuja análise poderá ser utilizada para a compreensão de outras às quais a função é similar (tenho algumas outras em mente, porém, o texto ficou exaustivamente longo e resolvi seccionar). Lembrando também que a intenção não é afrontar nenhum grupo religioso ou cultural, apenas apresentar uma proposta alternativa para a mesma circunstância!
Agora vamos ao trabalho: Quer que algo dê certo? Não conte a ninguém!
Quantas vezes já não ouvi isso (principalmente pela boca da minha mãe)! De acordo com a crença, não se deve contar sobre planos a ninguém, pois a inveja das pessoas virá a interferir nas probabilidades de êxito. Se pararmos e pensarmos, de fato parece ser real (haja visto que todos já viram seus desejos frustrados após contar às pessoas sobre estes). Porém, apesar de tudo indicar a eficácia de tal crença, terei de apontar o que de fato ocorre.
Quando passo por uma entrevista de emprego em uma grande empresa e tenho a impressão de ter sido exitoso, ou seja, contratação certa, corro o risco de contar às pessoas que consegui um excelente emprego. Contar para as pessoas não altera em nada as possibilidades de contratação, mas em contrapartida afeta as consequências possíveis.
Se me enganei, e na verdade não me saí tão bem na entrevista – ou de repente alguém se saiu melhor do que eu, irei frustrar-me por não ter conseguido o emprego e ponto. Porém, ao ter contado para outras pessoas, as consequências da não contratação terão uma ampliação dos carácteres aversivos (serei cobrado por elas; me sentirei constrangido ao ter de contar que fracassei; tirarão sarro de mim e etc.). Moral da história: percebemos com mais frequência as situações nas quais fracassamos após ter contado nossos planos para outrem, não por conta de isso ser altamente frequente, mas sim porque ter contado amplifica as consequências aversivas, fazendo com que tais circunstâncias sejam percebidas com maior intensidade do que naquelas nas quais mantivemos o “segredo”.
Conclusão: Não contar sobre seus planos por conta de possíveis interferências da inveja alheia não é lá muito racional, porém, deixar de comentar é uma excelente forma de esquivar-se de todos os incômodos trazidos pela cobrança dos ouvintes!
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