Resenha do mais recente livro de Daniel Goleman:
“LIDERANÇA: a inteligência emocional na formação do líder de sucesso” da Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2015.
Elaboração: Lourival Antonio Cristofoletti
01. CONSIDERAÇÕES
No segmento da Tecnologia da Informação (T. I.) uma publicação editada há alguns anos corre o risco de estar ultrapassada, servindo mais de referência histórica nas situações em que se quer apresentar a cronologia de um estudo, um serviço, um produto.
Já no campo das relações humanas a passagem do tempo impacta menos: a obra “Comportamento Administrativo”, do economista e psicólogo Herbert Simon, de 1947, ainda tem relevância quando se fala de Comportamento na Tomada de Decisão.
Goleman pode levar o leitor a descobertas sobre si e seu modo de agir e faz uma série de alertas que levam a refletir sobre a importância de se conhecer bem, da humanização e da valorização dos relacionamentos no processo de liderança nas corporações.
A sua proposta justifica-se em função do impacto que as posturas podem ter na motivação dos empregados, na saúde psicológica (menos passíveis a somatizações) e no progresso do desempenho face à melhor qualidade de humor e do ambiente de trabalho.
02. A FORMAÇÃO DE UM LÍDER
Crendo que tudo começa no indivíduo (o líder buscando conhecer-se bem, gerenciando com alegria a sua vida interior e desfrutando das boas consequências dessa postura), Goleman desmembra os componentes da IE em quatro Habilidades:
– de Autoconsciência: capacidade de interpretar as próprias emoções e perceber como afeta o outro;
– de Autogestão: capacidade de controlar as emoções agindo com Ética;
– de Relacionamento: Consciência Social, mostrando como se importa com os outros, aí incluída a Empatia (levar em conta os sentimentos da equipe na tomada de decisão);
– Social: Gestão de Relacionamentos (cordialidade com o propósito de orientar as pessoas na direção que deseja, desenvolvendo afinidades, com uma comunicação clara, desarmando conflitos e desenvolvendo laços pessoais fortes).
Sem Inteligência Emocional não há líder, mesmo que ele tenha a melhor formação do mundo e uma mente incisiva e analítica (esses atributos são vistos como “capacidades de limiar”, ou seja, mais apropriadas para o início de carreira), pois carece desenvolver a capacidade de trabalhar com o outro e a eficácia ao liderar as mudanças.
As capacidades pessoais que promovem o desempenho excepcional da liderança em grandes organizações são agrupadas em três categorias:
– habilidades puramente técnicas (planejamento de negócios, contabilidade);
– habilidades cognitivas (raciocínio analítico);
– competências que demonstram inteligência emocional (capacidade de trabalhar com o outro e eficácia ao liderar mudanças).
Quanto mais alto o cargo de um profissional excelente, mais as capacidades da inteligência emocional aparecem como a razão de sua eficácia.
03. LIDERANÇA QUE TRAZ RESULTADOS
Para testar a esfera de influência imediata de cada líder em relação ao Clima Organizacional a Consultoria Hay/McBer fez uma pesquisa com executivos e, correlacionando esses dois temas, chegou a duas importantes conclusões:
– há seis fatores que influenciam o ambiente de trabalho da organização: flexibilidade (quão livres os funcionários se sentem para inovar); sensação de responsabilidade com a organização; o nível dos padrões que as pessoas adotam; a sensação de precisão sobre o feedback de desempenho e adequação de recompensas; a clareza das pessoas sobre missão e valores; o nível de compromisso com um propósito comum;
– seis Estilos de Liderança: Autoritários(mobilizam pessoas rumo a uma visão); Afiliativos (criam vínculos emocionais e harmonia); Democráticos (obtêm consenso pela participação); Marcadores de ritmo(esperança excelência e autodireção); Coach (desenvolvem pessoas para o futuro); e Coercivos (exigem o cumprimento imediato).
O autor faz interessante paralelo ao pedir que o líder seja visto como um jogador profissional de golfe, portando um conjunto de tacos na bolsa: no decorrer da partida, de maneira instintiva, escolhe e usa o taco adequado para cada situação.
04. LIDERANÇA PRIMORDIAL: O PROPULSOR OCULTO DO ÓTIMO DESEMPENHO
O humor e o comportamento do líder afetam as pessoas à volta e transmitem-se rapidamente pela empresa. Muitos não sabe se tem ressonância na empresa, ignorando como seu humor e ações aparecem para a empresa e que repercussão causam. Quando trata de avaliação convida o líder a dividir o assunto em cinco interessantes etapas:
– imaginar seu eu ideal a partir de seus valores (“Quem eu desejo ser?”);
– reconciliar-se com o eu real, a partir de como é precebido (“Quem eu sou agora?”);
– criar um plano tático para reduzir a distância entre o eu real e o ideal (“Como faço para ir daqui – onde estou – até lá, que é o desenvolvimento que eu espero alcançar?”);
– como praticar essas novidades e incorporá-las ao meu cotidiano (“O que faço para que a mudança perdure?”), elaborando um Plano de Ação;
– criar uma comunidade de apoiadores (“fiscais de mudança”) entre pessoas próximas afetivamente (“Quem pode me ajudar?”).
O distúrbio do Déficit de Empatia acomete os líderes em nível mais alto no Organograma: à medida que sobem na hierarquia, cada vez menos pessoas são francas com eles, estando menos dispostas a dar-lhes um feedback honesto.
05. REDESPERTANDO SUA PAIXÃO PELO TRABALHO
Goleman oferece estratégias para a renovação, a partir de ferramentas de reflexão:
– “Dê um tempo”: um exame de consciência ou pausa na vida corporativa, para descobrir o que deseja e se reconectar com o sonhos;
-“Ache um evento”: fazer um curso de desenvolvimento pessoal, orientando-o enquanto explora seus sonhos e procura abrir suas portas;
– “Reflita sobre o passado”: Teste de Realidade, fazendo a “Linha da vida” (pontos altos e baixos). Ênfase às realizações e contraponto das situações de tristeza, destacando as transições ou épocas de mudanças;
– “Defina seus princípios para a vida”: convida a definir aspectos importantes – família, relacionamentos, trabalho, espiritualidade;
– “Abra o horizonte”: duas páginas sobre o que gostaria de fazer com a vida. Podem aparecer padrões que o ajudem a começar a cristalizar os sonhos e aspirações;
– “Imagine o futuro”: onde estará daqui a 15 anos, vivendo que tipo de vida, perto de quais pessoas e em que ambiente;
– “Crie estruturas reflexivas”: incorporar à vida um tempo e espaço para o autoexame, com breve afastamento temporário das exigências de trabalho a cada ano;
– ‘Procure um Coach”: para enxergar com mais clareza suas Forças e descobrir novas possibilidades de usá-las, bem como o que quer fazer com os Pontos a Desenvolver;
– “Encontre um sentido novo em território familiar”: estar aberto aos questionamentos que tentem manter viva sua própria paixão e o apoie através do mesmo processo.
06. INTELIGÊNCIA SOCIAL E A BIOLOGIA DA LIDERANÇA
Deve estimular o humor positivo em cada empregado. Procurar interpretar as normas sociais dos seguidores e reconhecer as deixas emocionais deles quando se sentem atingidos por ele (frustrações deles pela violação das saus normas sociais).
Existe um Instrumento de Avaliação 360 Graus (Inventário de Competência Emocional e Social), com perguntas sobre 7 qualidades: empatia, sintonia, percepção organizacional, influência, desenvolvimento dos outros, inspiração e trabalho de equipe.
Fazer uso das Empatias Cognitiva (capacidade de entender como a pessoa experimenta o mundo) e Emocional (sentir em si a emoção da outra pessoa), tendo a Preocupação Empática (cuidado com o bem-estar das pessoas à volta), a sensibilidade às necessidades das outras pessoas e a disposição em ajudá-las se preciso.
07. O FOCO TRIPLO DO LÍDER
Cabe ao líder gerir sua atenção e conduzir a atenção dos liderados ( a mente controla a emoção), dizendo onde concentrar as energias (Yoda: “Teu foco é tua realidade.”).
Esforço Cognitivo é o trabalho mental exigido para a carga diária de informações do líder: para resistir bem, deve focar no que é importante dentre as irrelevâncias. Já o Controle Cognitivo é o alerta para se prestar atenção onde quer e, depois, mantê-la ali, resistindo às tentações de divagar (capacidade mental essencial da autoconsciência).
Entender o conceito de “Trabalho bom”, que combina seus valores, aquilo em que se destaca e o que adora fazer: (ética, excelência e prazer). O uso de um Método Sistêmico (“Levar o sistema para dentro da sala”): reunir as partes do problema (pessoas ou entidades), que têm controle sobre sistemas que interagem, (os stakeholders), para se construir a solução.
O”Líder com foco externo”, com curiosidade abrangente, examina a variedade de informações diárias, checando não apenas os sites-padrão de notícias ligados ao negócio. Quem medita concentra-se mais no que fazem (a meditação fortalece os circuitos do córtex pré-frontal que controlam a atenção, observando sua própria experiência. Medidas que ajudam o líder a permanecer concentrado por mais tempo:
– administre as tentações digitais (há aplicativos que as bloqueiam);
– para controlar as divagações, monitore sua mente e reflita (ative circuitos do cérebro que o fazem voltar ao trabalho);
– pratique uma sessão diária de atenção plena (note quando sua mente divagou, abandone o pensamento divagante, trazendo-a de volta à respiração).
08. INTELIGÊNCIA ALIADA À SABEDORIA
Quando se fala de Competências da Inteligência Emocional pretende-se dar atenção aos Focos:
– Interno: atento à Autoconsciência, fazendo bom uso de suas forças e das limitações;
– Autogestão: evidenciando o autocontrole emocional, a adaptabilidade e a capacidade de se manter concentrado;
– Externo: inclui forças sociais, culturais e ambientais em ação e no Outro (Empatia Perspicaz, sentindo como o outro pensa o mundo e ressoando o sentimento dele).
Cabe ao líder exibir aguçada consciência sistêmica diante do Dilema do Antropoceno (a degradação paulatina e crescente da natureza, levada a termo pela espécie humana, principalmente ataravés da poluição). Deve formular estratégias inteligentes e auto-sustentáveis. Cultivar o ideal de pessoas para que, trabalhando em equipe, estejam em sintonia, observando as seguintes normas para preservar a harmonia entre eles:
– estarem conscientes das forças e fraquezas mútuas;
– dar mobilidade de entrada e saída de pessoas de um papel;
– atuar nas crises antes que explodam;
– celebrar vitóras e se divertir juntos.
Para superar o TDAO – Transtorno de Déficit de Atenção Organizacional o líder pode recorrer aos seguintes recursos:
– participar de evento de de conscientização durante um dia inteiro, fora da empresa;
– monitorar o foco coletivo;
– definir metas claras para os projetos, dizendo o que espera e a importância de cada um;
– resistir à mentalidade de “Nós” contra “Eles”, eliminando os filtros antagônicos;
– fornecer tempo suficiente para a realização dos trabalhos;
– fazer exercícios de desconexão (exercer controle sobre as distrações tecnológicas).
09. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como se pode constatar, há em “Liderança: a inteligência emocional na formação do líder de sucesso”, de Daniel Goleman, um diversificado e amplo leque de possibilidades, artifícios e recursos acessíveis ao lider com inteligência emocional desenvolvida – ou que esteja interessado em transitar por esse humanizado e necessário novo patamar.
A proposta da Liderança com Inteligência Emocional é ambiciosa, desafiadora e necessária, embutindo em seu bojo o prazer que proporcionará ao Líder engajado que, além de ser bem-sucedido na gestão ou cogestão de sua empresa, contribuirá decisivamente para tornar o mundo um pouco melhor para si, para os seus contemporâneos e, quem sabe, para as gerações que o sucederão.
Livro publicado: COMPORTAMENTO: INQUIETAÇÕES & PONDERAÇÕES
Livraria Logos (vendas pelo site)
E-mail de contato: : lourival.cristof@uol.com.br
No Facebook: Lourival Antonio Cristofoletti No Instagram: lourivalcristofoletti
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