Antigamente eu achava que a reciprocidade era algum gesto ou sentimento que alguém me devia, hoje eu vejo que não tem absolutamente nada a ver com o que espero. Reciprocidade é sobre todos os sentimentos que cultivo, e não necessariamente quer dizer que irei recebê-los de volta do mesmo jeito que foram criados.
O grande problema da expectativa é quando a confundimos com a tal da reciprocidade. Alguém recíproco não tem a obrigação de devolver, na mesma hora e intensidade, qualquer emoção ou entrega que se tenha proporcionado. Não é assim. Porque cada coração se comunica na sua própria sintonia. E nada disso exclui o tempero e a vontade de estar junto. Tem gente que se expressa com as mais variadas declarações e tem gente que quase nada demonstra, mas a gente entende, sente e reconhece.
Reciprocidade não é forma, reciprocidade é conteúdo. E só quem a exercita – sem qualquer cobrança ou impedimento, conhece as suas essências e virtudes. Reciprocidade é naturalidade. Sim, ela precisa ser espontânea. Essa é a maior lição que você pode aprender a seu respeito. Uma alma recíproca não fica preocupada com o quando ou com o onde. Assim como também não fica contando placares dos inteiros presenteados. A alma que tem a leveza de se entregar e receber, apenas aproveita os afetos.
No entanto, reciprocidade não significa esperar ou aceitar migalhas. Mas migalhas distribuídas em ausências, meios-termos, ofensas e outras dores que te tiram o sono, que te consomem as energias, que te fazem desacreditar no amor de alguém e até do próprio. No que diz respeito à reciprocidade, empatia é o combustível do amor.
Então, se a ideia é que sejamos recíprocos, por favor entenda: reciprocidade não é o que você quer ou quando quer. É outra coisa. É principalmente não permitir um amor aprisionado nas vontades de um, quando a graça é que ele floresça na espontaneidade de cada carinho trocado. E que seja sem medidas ou regras que o tornem mais sincero.
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