Cansei das ausências, das pessoas não recíprocas e dos caminhos que não contribuem para o meu crescimento. Mereço companhias melhores e experiências maiores. Nada de possíveis mais ou menos. O que quero é seguir em frente. É ter inteiros acolhidos por quem realmente se importa, por quem encontra ternura na minha parceria.
De uns tempos pra cá, aprendi a reconhecer os abraços nos quais não sou bem-vindo. Já entendi que o melhor a ser feito, nesses casos, é poupar o meu tempo e o da outra pessoa. Não escondo desinteresses. Não impeço entregas. A diferença entre eles é que enquanto um fala sobre o desapego de quem nunca foi presença, o outro discursa sobre não ter medo de demonstrar gratidão para quem sempre esteve perto. Reconhecimento é entender das próprias descobertas, sabendo distinguir quem veio para somar e quem veio para diminuir.
Também aprendi sobre seguir em frente. A não pesar o coração com arrependimentos em relação a situações e julgamentos de terceiros. Entendi que nem tudo está sob o meu controle. Que não é covardia mudar de trajeto, de desistir de algo ou alguém e, ainda, de não acordar preocupado com atender expectativas alheias. Cada um carrega a sua própria realidade e querer empurrar verdades goela abaixo, não é liberdade. Muito menos algo semelhante ao amor. Em outras palavras, seguir em frente significa direito de escolha em todos os sentimentos.
Por último e tão imprescindível quanto os aprendizados anteriores, receptividade para novos inteiros. É permissão diária e um constante movimento de renovação e consciência do amor próprio. Nunca comodismo e distanciamento para a plenitude de um instante. O mais ou menos fere. O mais ou menos não comporta felicidades. Permitir novos inteiros quer dizer amor num copo cheio, transbordando o que houver de melhor dentro de si.
Cansei dos possíveis encontros. Quero o agora a cada despedida. Eu mereço.
Imagem de capa: Pierrot le Fou (1965) – Dir. Jean-Luc Godard
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