Por Marcela Alice Bianco
Subir no topo da montanha exige sacrifício! Essa frase me veio após uma conversa entre amigos sobre porque os solteiros têm tido muita facilidade em “ficar” com alguém, mas poucos escolhem ou conseguem namorar. Uma das pessoas solteiras na roda justificou dizendo que isso ocorria simplesmente porque era muito mais fácil! Neste caminho de pensamento, a primeira conquista não exigia muitas habilidades, técnicas ou empenhos pessoais. A pessoa não precisaria se esforçar para manter a conquista diária e muito menos se preocupar em lidar com as dificuldades, os defeitos e toda multiplicidade de situações que envolvem uma relação duradoura. Por outro lado, ele dizia que em alguns momentos, isso também era cansativo e por vezes trazia um sentimento de vazio.
Foi então que me veio a seguinte comparação: vamos pensar que você queira fazer uma viagem e que adoraria conhecer um outro país, uma outra cultura, uma ilha paradisíaca, escalar uma grande montanha mas, qualquer um destes destinos teria seu desafio a ser enfrentado. Primeiramente, você teria custos, precisaria arcar com certos investimentos, se preparar física, material e afetivamente. Teria que sair da sua zona de conforto e fazer determinados “sacrifícios”. Porém, a realização desse desejo também lhe traria uma experiência única, que te ajudaria a ampliar a sua visão do mundo, a crescer, a amadurecer, a sentir novas emoções, superar medos e a construir memórias inesquecíveis.
Mas, você não quer ter esse trabalho, ou sente que ainda precisa aproveitar mais a vida daquele modo que já está acostumado a fazer, ou que é melhor agir como todo mundo, seguir o fluxo. Então, você acaba escolhendo o lugar comum, o lugar de sempre, o mais fácil. Traduzindo para os relacionamentos, acaba preferindo o efêmero, passageiro e superficial. Afinal, num primeiro momento este parece preencher suas necessidades, te deixa vibrante, entusiasmado, te faz sentir com a bola toda! Porém, é também o momento fugaz… dura somente o tempo vivido e traz apenas a ânsia de viver novamente a mesma sensação. E então você viaja sempre para o mesmo lugar!
E assim, você não escolhe uma aventura única, dessas viagens transformadoras como subir ao alto de uma montanha. Com isso, você também não vive a experiência de ser escolhido. De ser desejado para além do primeiro encanto e das primeiras projeções. Não escolhe ter alguém que queira ser testemunha da sua vida e seu verdadeiro companheiro (a) de viagens. Alguém que queira encarar um grande desafio com você e suporte as dificuldades da subida e da descida. E que também queira te acompanhar em novas aventuras, porque a sua companhia é a que traz sentido e faz qualquer sacrifício valer a pena!
Imagino que nesta altura do texto você pode estar pensando que eu acredito que somente os relacionamentos duradouros valem a pena de serem vividos. E eu te digo que não! Acho que todo tipo de viagem pode fazer bem. Desde aquela que você faz para a cidade vizinha até a que te leva ao topo de uma grande montanha. O que importa para a vivência ser significativa é você estar realmente presente, consciente de suas ações e seus desejos. E ter realmente escolhido estar ali naquele lugar num determinado momento da sua vida. Voltando aos relacionamentos, é preciso que você entenda o que algo fugaz ou duradouro significa para você. Por que você escolhe vivê-lo ao invés de experimentar outras coisas.
Agora, o que não precisa acontecer é viajar sempre para o mesmo lugar por medo de viver algo novo ou por não querer abrir mão do conforto e das facilidades. Pois muitas coisas boas e surpreendentes podem acontecer se você quebrar suas barreiras e se permitir novos roteiros e escaladas!