Imagem de capa Dean Drobot/Shutterstock
Aquele velho bordão do comercial de margarina. A cena perfeita, os sorrisos impecáveis, a felicidade que sequer cabe na tela por onde a gente assiste, comenta, crítica, procura defeitos, enfim, inveja.
Desconfie das relações baseadas na propaganda, na exposição maciça de virtudes e vitórias, são geralmente tão frágeis e ilusórias, que desaparecem de uma hora para outra, sem deixar vestígios, lembranças, saudades nem história.
Não existe vida dentro de um comercial de margarina! Não existe um cartão de crédito que compre a estabilidade de um sentimento, nem uma câmera que consiga registrar as angústias represadas por detrás de uma fotografia perfeita. Nem em Paris!
A exposição em si não é ruim se não se dá importância à privacidade. Tem gente que não gosta mesmo, e tudo bem. Ruim para mim é o marketing pesado, agressivo, vendedor, que não sossega enquanto não convencer a plateia de sua posse e direito sobre a felicidade do mundo.
São as relações tolas que a gente tem que aturar, bater palminha e repetir que o amor é lindo, ainda em nada pareçam com a realidade.
E, com isso, o perigo de nos iludirmos, de nos tornarmos consumidores do modelo perfeito, de olharmos para o nosso modelo e concluirmos que temos pouco, que merecemos mais, que a vida que construímos vale menos, não tem projeção, não é modelo de admiração de ninguém… Aí é que mora o grande perigo.
O apelo é tanto que a gente se confunde.
– Quer a parceria perfeita;
– Sofre para alcançar o padrão imposto;
– Persegue a ideia de ser modelo de admiração…
E, por fim,
– Esquece de quem está junto, na luta, na batalha, na vida fora da tela;
– Desvaloriza o que já alcançou;
– Ignora a maior das lições…
Quanto maior o apelo, menos vale o que está em oferta.
O que tem valor, dispensa propaganda.
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