Relações passadas são aprendizados e não fardo

Em um papo descontraído com um amigo fui pega de surpresa com a pergunta que me parecia sem contexto:

  • Mas você nunca se relacionou com mulheres? – e eu, surpreendida, respondi:
  • Não, Lucas. Por quê? De onde surgiu isso na sua cabecinha?
  • Ah! Estávamos falando de relacionamentos e você me conta tanta história de cada criatura que eu achei que você já tivesse em algum momento desistido dos homens.

Soltei uma risada e lhe respondi:

  • Amei muito mais mulheres, porém sexualmente só me relacionei com homens. Com mulheres, em boas amizades, nossas almas criaram intimidade, porém, intimidade física e de alma, somente vivi em relacionamentos com homens.
  • Entendi, Helena! Disse isso porque conheço muitas mulheres assim como você: bonitas, inteligentes e encantadoras que de tanto se decepcionarem nos relacionamentos com o sexo oposto acabaram optando por só ficar com mulheres. Pensei que você podia ser dessas…
  • Eu? Nem de homem depilado eu gosto, risos! Gosto do beijo com barba, gosto do abraço forte que me levanta no colo, gosto da voz mais grave que me faz rir, do cavalheirismo, de escolher camisas, de estar com pessoas bem diferentes de mim.

Esse diálogo me lembrou o final de um namoro difícil que vivi quando eu tinha uns vinte e poucos anos. Eu estava completamente apaixonada e ele não. Até um dia que o vi na cama com outra mulher. Achei que eu ia morrer. Saí em silêncio, sem ninguém perceber minha presença. Tive uma taquicardia por duas horas. Insônia. Fiquei destruída por dias. Por telefone contei para ele e pensei que nunca mais queria vê-lo na minha vida. Porém, passado algum tempo, fomos jantar e eu sentia que queria estar em paz com ele, dentro e fora de mim. Em certo momento do jantar, ele me disse algo como:

  • Sabe, agora, acho que você vai desistir de homens depois desse trauma.

Eu, bem jovenzinha, mas com minha língua afiadíssima como nunca, respondi:

  • Querido, tem mais chances de você passar a gostar de homens, já que mulher nenhuma te sacia, do que eu namorar mulheres.Trauma? Conheço tantas mulheres que viveram algo semelhante, deram a volta por cima e foram felizes com outros homens. Eu quero fazer parte desse grupo e não das traumatizadas…

Eu amo amar. Cada um é cada um, não podemos generalizar pessoas, ainda mais pelo sexo. Quanto as dores e os prazeres de cada relacionamento passado, tenho muito claro para mim que sou eu mesma quem escolhe se levo deles uma pena leve que me trouxe aprendizados valiosos para a minha jornada, ou se me arrasto carregando o peso chumbado de me ver como uma vítima ou traumatizada.

Se você, assim como eu, quer ser feliz, pense nisso! Perdoe o outro, por você e pela sua própria paz. Por você também se aceite e compreenda que mesmo que tenha feito algo muito errado lá atrás, fez o melhor que podia da melhor forma que sabia. Se perdoe, sempre! Ame, a si! A sua vida e tudo o que te rodeia…

Por fim, flua, porque quando estamos alinhados com nossa própria dignidade, trilhamos o nosso próprio caminho e nessa jornada, que ninguém pode trilhar por nós a não ser nós próprios, a vida traz recompensas que vão de encontro com o que buscamos, mesmo que muitas vezes nem saibamos exatamente o que estamos a buscar. Confie nela!

 

Helena Cecília de Fraga Verhagen

Helena é jornalista de formação e escritora por intuição. Em 2015 publicou seu primeiro livro "O Mundo é das Bem-Amadas" que trata sobre o amor-próprio e a reconexão com o sentir e intuir. O autoconhecimento é sua grande paixão e no instagram @asbemamadas ela compartilha mais sobre seus trabalhos com o universo feminino.

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