Para os meus amigos
São urgentes novas memórias, daquelas que podem ser repetidas mil vezes e continuar a fazer sorrir. Daquelas que fazem doer a barriga de tanto rir e surgir lágrimas nos olhos de tanta alegria e saudade. É urgente, por isso, viver. Viver momentos que tantos de nós deixámos no passado, aqueles momentos de descontração e evasão que pareciam poder durar para sempre. Quando aquela música tocava e começávamos a cantar com a mesma espontaneidade com que trocávamos olhares cúmplices daqueles amigos que não precisam de mais nada para além de estarem juntos. Quando não era preciso assim tanto dinheiro para passar um bom bocado, quando tudo parecia mais fácil e simples: não era mas sentia como tal.
É urgente estarmos com os nossos amigos, não os adiarmos, não nos adiarmos, não adiar a vida. É urgente dizer-lhes o que de mais precioso temos guardado porque não é preciso um momento especial para dizer: “olha, amo-te!”. Pois eu amo-vos meus amigos. Era urgente dizer isto, urgência proporcional aos dias, meses e talvez anos que não o disse a alguns de vós.
Gosto de conhecer outras pessoas, fazer novas amizades mas não tanto como gostaria de vos ter a cada um de vocês de volta na minha vida. Bem sei que, como um grande amigo uma vez me disse, os conhecidos, amigos e melhores amigos acabam todos por ser igualmente importantes na nossa vida se acreditarmos que tudo acontece por uma razão e cada pessoa está e fica exatamente o tempo que tinha de ficar. Mas se pudesse trocava as voltas ao destino só para vos dar mais um abraço, um beijo e dizer o quanto gosto de vocês. Talvez tu meu amigo que já não falo há muito tempo leias este texto e, nesse momento, só quero que saibas que não te esqueci e podes contar comigo.
Acredito que não se deixa de ser amigo de quem se já foi verdadeiramente amigo… mas às vezes mesmo esses amigos deixam praticamente de se falar. Não tem de ser assim. Diz-lhe o quanto sentes saudades de quando passavam mais tempo juntos, de quando as conversas vos faziam esquecer o relógio e as gargalhadas eram tão altas que ficavam todos a olhar. Diz-lhe que não esqueces aquele abraço que te fazia esquecer os problemas nem que fosse por breves segundos. Diz-lhe isso, que não precisas de formalidades, não é preciso marcar um jantar, só queres mesmo estar com ele(a) seja onde for. Não é preciso um pretexto, basta o coração querer.
Já houve um tempo que dedicava muito tempo aos meus estudos e passava pouco tempo com os meus amigos. Presta atenção: no final do dia não são os livros que vão te dar um abraço e dizer tudo aquilo que precisas para ter forças para continuar. Muitas das aprendizagens que fazemos na vida nos soam a óbvias mas só são assim depois de feitas. Talvez dizer-te isto não te vai fazer dedicares-te menos tempo aos estudos, ao trabalho, o que for e passares mais tempo com os teus amigos. Oxalá fizesse! Oxalá te fizesse hoje mesmo olhar para um amigo nos olhos e dizer-lhe tudo o que te vai na alma. Oxalá te fizesse esquecer toda a mágoa que ainda mói a tua energia e não te tem permitido dar tudo o que de bom tens em ti. Mas vai, salta, corre, abraça, beija, ama, vive hoje! Não te adies.