Existem dores que machucam fisicamente e existem as feridas emocionais que nos machucam a alma. Embora sejam dores diferentes, tudo o que incomoda e fere traz sofrimento. Carregamos as cicatrizes do que nos corta a carne e do que nos esgarça a alma e devemos lidar com tudo isso, para que o sofrimento não se prolongue.
Aquilo que vemos acaba por se materializar mais facilmente em nossa mente e, por essa razão, lidar com as feridas visíveis será mais fácil, pois sabemos qual remédio tem eficácia e em qual lugar ele deve ser ministrado. Já no caso das feridas sentimentais, tudo se complica, pois a gente não vê onde dói, embora sinta a dor se espalhar por todos os poros, fundo, bem fundo.
E, pior, nem nós e nem ninguém mais enxerga a dor emocional, ou seja, muitas pessoas não darão importância a essa dor e muitos, inclusive, tampouco a entenderão. É mais fácil o outro se compadecer de um hematoma superficial em nosso braço do que tentar entender uma dor afetiva, sentida, vivida, mas não marcada na pele.
Essa luta sentimental, portanto, será, na grande maioria das vezes, solitária e assustadora, pois ocorrerá dentro da gente, diariamente, num embate da gente contra a gente mesma. Poderá haver alguém que nos entenderá e tentará nos consolar, porém, não há remédio nem paliativo para curar um sentimento doído, a não ser o exercício do amor próprio.
Quando o sofrimento tiver um nome, precisaremos superar quem não nos quer mais, o que não é mais, tendo a certeza do nosso valor. É assim que alguém nos valorizará e nos amará com verdade, no momento certo.
Quando o sofrimento implicar perdas irreparáveis, precisaremos resgatar toda nossa esperança de continuar, ainda que faltando um pedaço. Amar-se, então, será o início de toda e qualquer jornada de recomeço. É assim que a gente continua.