Imagem de capa: Gelner Tivadar
Esse texto é uma catarse pessoal, um questionamento de quem vive a tal meia idade e ainda se contorce em dúvidas de principiante.
Essa exigência da dobradinha experiência e sapiência é um fardo pesado de ser arrastado. Na verdade, mesmo com uma lista recheada de vivências, creio que intuímos muito mais do que recorremos aos arquivos passados. A vida é dinâmica demais para usarmos sempre as mesmas fórmulas. E, o que eu era antes, já não sou mais hoje.
A vida sempre foi ensaio e erro. O que funcionou para um, pode ter sido um desastre para outro. O conselho dado valeu sempre mais pela boa vontade e acolhida, do que pela eficácia no resultado.
Meia idade é um bom tempo, mas não é passaporte carimbado para certezas e convicções imutáveis. Tenho dúvidas todos os dias. Mudo de ideia muitas vezes. Meu prato preferido muda o tempo todo.
Quando a gente cria filhos, aprende a dar respostas. Mas dúvida também é resposta, e nunca me obriguei a responder com certeza, o que ainda me era dúvida. E, surpresa! Muitas respostas chegam quando se compartilha uma dúvida!
Nasci na época do telefone com fio e disco, da TV de válvula, do toca discos com agulha.
Se tivesse a certeza de toda a evolução que presenciaria, talvez não tivesse tanta curiosidade e tanta sede de viver para ver o futuro. E, naquela época, só tinha a certeza de que os desenhos futuristas que assistia na TV de válvula, eram somente o fruto da imaginação de alguém. E hoje somos todos Jetsons.
Portanto, fica agora a conclusão de que, aos 50 anos – a dita meia idade – não sou obrigada a ter certeza de nada, embora guarde algumas com muito carinho. Estou na vida para fazer perguntas e interpretar as respostas que chegam, ainda que temporárias.
Certeza mesmo, só de que tenho muitas dúvidas sobre o final, e se ele existe mesmo.
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