São tantas as desculpas para o não amor. E quem desprevenido acredita nelas pode ser levado a crer que o amor é algum sentimento tirano e mesquinho que exige servidão e préstimo. Algum sentimento egoísta e incerto que se desfaz em um piscar de olhos.
No dicionário define-se amor como uma forte afeição e nada se diz a respeito de existir alguma razão para amar. E ela realmente não existe.
O amor é longo. Um traço forte e contínuo a perder de vista. O amor nunca é razão. A razão no amor é o levantar do lápis, é o romper da linha contínua, é a ruptura efêmera que desalinha nossa escrita.
O amor não busca porquês, o amor não vive fundamentado em reflexos instintivos. O amor não é ponto. O amor é uma larga sentença repleta de intimidade.
O amor não cobra. Ele se alimenta da beleza que é e não sobrevive de expectativas. O amor não é interesseiro. O amor nunca aguarda retribuição. O amor não se empresta, ele se dá por inteiro.
Enumerar o amor em uma lista de razões pelas quais se ama é fazer o amor sangrar.
O amor não é lapso, ele ignora que existe hoje no mundo uma dinâmica que por vezes subverte a ideia de amar.
O amor não se finca em palavras ensaiadas. Ele é modesto e mora em olhares profundos e atitudes verdadeiras. O amor sobrevive de ações sinceras e não se exalta. O amor não grita e não exige méritos.
A obrigação no amor é o não amor puro.
O amor é para sempre e não até o dia em que, largo como é, não cabe em alguma aspiração.
O amor nunca deve. O amor tem em si o nosso melhor. O amor é bondoso. O amor é complacente. O amor nunca busca parecer, ele simplesmente é.
Vislumbrar a amplitude do amor em um meio onde existe um escambo supérfluo de ações, não é fácil.
Contudo quando alguém disser do amor e fizer exigências para nos amar, não devemos hesitar em dar um passo atrás. É desse jeito que nos afastamos do engano e de suas breves verdades.
E quando nos restar um fio de dúvida, façamos calar o mundo para ouvir o coração. Ele sabe reconhecer o amor que nos toca a alma na compreensão bonita de que amanhã podemos sempre um pouco mais.
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