Vá embora do happy hour do trabalho cheio de gente chata e que você comparece só porque é o certo a se fazer.

Vá embora do lar onde te apontam o dedo na cara dizendo que você é uma decepção e que só faz escolhas erradas.

Vá embora do curso de direito que seu pai mandou você fazer para seguir os passos dele, mas que você cabula as aulas porque os professores falando de leis não fazem nenhum sentido pra você.

Vá embora do seu emprego, que te ocupa 8h preciosas horas do dia e que te paga mal para fazer algo que você não tem o menor interesse em progredir.

Vá embora daquela amizade que só te liga quando precisa de carona pra balada ou de alguém pra pagar a conta do rolê.

Vá embora do primeiro encontro no cinema se ele(a) não tiver um bom papo ou se não rolar nenhuma química.

Vá embora no meio do show se você se sentir sozinho(a) no meio de toda aquela multidão.

Vá embora do seu namoro se o seu plano pro futuro é conhecer o mundo e o do seu par é ser diretor da empresa onde trabalha desde o estágio.

Vá embora da reunião quando chamarem de incompetente e te humilharem na frente dos colegas de profissão.

Vá embora da academia se sentir que naquele dia o que cairia bem mesmo era um chopp gelado com batata frita.

Vá embora do ambiente onde seu coração entra e se sente apertado, sufocado, maltratado.

Vá embora do livro que te mandaram ler mas que você já detestou desde o prefácio.

Vá embora do seu país se ele não te trouxer as oportunidades que você almeja pra sua vida.

Vá embora do almoço em família se não respeitarem sua vida de bartender e aproveitarem o “todos na mesa” para te agulhar com outras opções de trabalho que você considera chato.

Vá embora da sua religião se você perceber que a do vizinho combina mais com o seu interior.

Vá embora do dress code de calça e camisa social se o que te torna livre mesmo são os shorts com regata e chinelo.

Vá embora da palestra sobre nutrição que fala que comer arroz faz bem se você já sabe há anos que os legumes é que fazem bem pra sua saúde.

Vá embora do vagão do metrô se perceber que alguém te olha com maldade.

Vá embora da sua vida clássica se ela não fizer mais nenhum sentido pra você.

Vá embora todas as vezes que perceber que a felicidade e a sua paz de espírito são em outra direção.

Ana Carolina Faria Bortolo

Turismóloga e Administradora de Novos Negócios por formação. Escritora, pintora e dançarina por vocação. Planejadora de eventos, bartender, agente de viagens e vendedora por profissão. Garçonete de navio por opção. Vi o mundo e voltei, e de todos os rótulos que carrego na bagagem, só um me define bem: sou uma ótima contadora de histórias.

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Ana Carolina Faria Bortolo
Tags: vá embora

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