Se o Facebook fosse um Jogo de Tabuleiro

 

Abra sua conta.

Escolha sua foto.

Adicione amigos. Vale tanto os imediatamente próximos como aqueles que você não via desde a época do maternal.

Pronto.

Já pode começar a jogar.

Primeira jogada: Você compartilha uma matéria bacana, argumentativa, com o intuito de fazer seus amigos refletirem sobre um determinado assunto. Começou bem, ande cinco casas.

Você posta uma foto do prato do restaurante em que almoçou.     Fique uma rodada sem jogar.

Você curte o seu próprio post. Aproveite enquanto os outros jogam e dá uma pensadinha no porquê de entrar nesse jogo e se você quer mesmo continuar.

Escreve uma mensagem lacônica, querendo chamar atenção, no estilo “Estou triste” ou “Estou com azia”. Volte uma casa (e se você mesmo curtir isso, volte oito).

Posta uma sugestão de música ou filme pouco conhecido, mas que você gosta muito e que acha que pode interessar seus amigos. Avance duas casas.

Resolve postar uma foto antiga, constrangendo um amigo que aparece nela com um corte de cabelo horroroso ou com uma roupa que já esteve na moda um dia, mas que hoje virou motivo de piada. Passe a vez para o amigo.

De boa-fé, compartilha uma matéria alarmista, do tipo “Miojo preparado com sal na água causa envenenamento!!!!!!”, sem checar a fonte ou investigar a veracidade. Volte duas casas.

Sentindo-se disposto a inspirar seus amigos, você posta a seguinte frase:

“Se a vida lhe der um limão, faça uma caipirinha”.

                                                                           Clarice Lispector

Volte duas casas.

Começa um debate sobre algum assunto, colocando uma ideia, abordando a questão por todos os lados e mantém a conversa com argumentos fundamentados e em nenhum momento ataca uma ideia contrária. Avance sete casas.

Posta uma foto do seu umbigo. Volte umas casas. Você mesmo decide quantas, ok?

Disposto a atrair atenção para uma causa que acha justa, você posta uma foto chocante, que pode impressionar pessoas mais sensíveis. (Hum… O pessoal que faz as regras vai analisar caso a caso, enquanto isso, pode continuar jogando.)

Como você odeia alguma coisa, seja partido político, gênero musical ou programa de televisão, você tem um momento hater e faz uma sequência de postagens atacando o alvo escolhido. Volte cinco casas.

Você posta uma notícia antiga, que foi dada por um grande jornal ou revista, mas que já foi desmentida. Volte três casas se você não sabia do desmentido ou volte onze se você sabia.

É época de eleição e, mesmo sabendo que não é verdade, você compartilha uma notícia falsa, do tipo “Lulinha é Dono da Friboi” ou “Aécio é condenado pelo desvio de 4,3 bilhões”, enquanto aproveita para fazer comentários xenofóbicos ou preconceituosos. Volte… Não, pensando bem, deixa pra lá…

Game Over.

Fabio Brandi Torres

Nasceu 15 dias antes da chegada do Homem à Lua e é dramaturgo, roteirista, tradutor e produtor, mas conforme a ocasião, também pode ser operador de luz, de áudio, bilheteiro, administrador e contrarregra, ainda que não tenha sido camareiro, mas por pura falta de oportunidade. Questão de tempo, talvez, já que quando se faz teatro por aqui, sempre se cai na metáfora futebolística do bater escanteio e correr pra cabecear. Aliás, se aposentou do futebol na década de 80, quando morava em Campos do Jordão, depois de uma derrota por 6×0 para o time de uma escola adversária, cujo nome não se recorda. Ele era o goleiro.

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