Uma segunda chance vale a pena? Complicado de responder de imediato. Principalmente quando se trata de relacionamento amoroso. Questões diretamente relacionadas ao tipo de dinâmica que era estabelecida pelo casal durante a relação (jogos de poder, domínio econômico, sexualidade etc.), serão certamente consideradas por quem pensa em uma possível volta. Por vezes, o amor que ainda existe pelo outro não é o suficiente para a tomada da decisão.
Por outras vezes, o amor sobrevive ao tempo só para garantir o reencontro com o ex-parceiro em outro momento de nossas vidas. Guardamos em nossa memória os bons momentos vividos durante a relação e deixamos de lado o que nos afastou no passado. Quer tenha sido por falta de maturidade em enxergar as qualidades do outro ou por medo de sofrer. O que importa agora é a vontade de recomeçar criando uma nova história juntos.
Numa visão espiritual, a distância provocada pela separação se apresenta como uma oportunidade de evolução para o ex-casal. Trata-se de um despertar da consciência. Esse processo pode acontecer de forma mais intensa com ambos ou apenas um dos parceiros. Cada qual receberá as lições que precisam ser aprendidas de acordo com o grau de desenvolvimento espiritual de cada um. Se os parceiros que passaram por essa experiência voltarem a se relacionar será para resgatar algum ensinamento que ainda não foi assimilado. Esse processo pode durar uma vida inteira. Até mesmo se extender por outras vidas.
Quem pensa em uma segunda chance não está seguro de sua decisão ou, no caso do parceiro que não decidiu pela separação, não aceita a inevitabilidade do fim. O que é difícil de perceber logo após a ruptura é que foi concedida uma oportunidade de recomeçar uma nova relação consigo mesmo. A mais duradoura que teremos em nossa vida.
Afinal, se eu não estiver “a fim” de mim, vou ter que procurar alguém que se ocupe dessa tarefa. Isso não é necessáriamente ruim. Se as relações amorosas não terminassem. O amor acaba numa esquina, segundo Paulo Mendes Campos. Resta seguir em frente acompanhado do inevitável parceiro de vida. O nosso único e verdadeiro “amor eterno”. Quem sabe, um dos maiores desafios do ser hunano seja amar a si mesmo.
Ser capaz de amar até mesmo aqueles traços de nossa personalidade que preferimos esconder das pessoas com as quais nos relacionamos, por medo de sermos julgados. Temos compaixão com os erros de quem amamos, mas somos implacáveis com nossas próprias falhas. Como se não fossemos humanos. Enxergar as próprias mazelas requer muita coragem. Mudar aquelas características que nos fazem mal e só prejudicam o estabelecimento de relações saudáveis com os outros requer muito mais coragem.
O que precisamos é estar íntegros o suficiente para fazer a melhor escolha: dar uma segunda chance ao antigo parceiro ou dar uma segunda chance a si mesmo para recomeçar sozinho.
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