Seja humilde. Não seja capacho!

Você sabe como é. Um sujeito diz o que pensa, o outro discorda, os dois discutem, se elevam, se exaltam, se zangam. Na melhor hipótese se dão as costas e tomam cada um o seu rumo esbravejando baixinho: “fulano é um arrogante, sicrano é um metido”. Acontece o tempo todo.

Pena. Um e outro perderam a chance de tornar este mundo melhor. Era só aceitar que cada um tem o direito de pensar o que quer, do jeito que bem entender, e que discordar não é um problema. É só mais uma prova de que as pessoas ainda são livres para ser quem são. E quem não gostou que vá procurar a “sua turma”: aqueles com quem queremos estar. Cá entre nós, eu acho que as coisas bem podiam ser assim. Mais simples. Cada um seria o que é e pronto.

Acontece que bater o pé e insistir em ser você mesmo quase sempre vai ser visto por aí como “falta de humildade”. Faz o teste. Discorde de alguém convencido de que a verdade é uma só: ele vai dizer que você não é pessoa humilde. Que não sabe “ouvir”. É que na cabeça dele, lá dentro, “saber ouvir” e “concordar” são exatamente a mesma coisa. Se você não aprovar sem ressalvas o que ele diz, é porque você “não sabe ouvir”.

Nestes tempos de valores invertidos, humilde é só quem aceita se dobrar ao argumento alheio, quem engole a vontade dos outros, concorda com tudo que lhe dizem, faz o que lhe mandam e cala a boca. O resto é afetado, pretensioso, convencido, prepotente, esnobe, pedante e essas coisas. Gente que padece de “falta de humildade”.

Olha, eu engulo sapos de toda sorte. De todos os tipos e todas as cores. Pequenos, médios e grandes. Sapos de texturas e temperaturas diversas escorregam pela minha traqueia e mergulham no meu estômago faz tempo. Faz parte. Mas esse eu não engulo, não. Prefiro viver sozinho a aceitar o que não me agrada. E isso não me torna menos humilde. Só faz de mim um sujeito mais livre.

Humildade não é servilismo. É qualidade de gente simples. E ser simples não é ser simplório. Simplicidade, entre outras definições, é ausência de complicação. Falta de frescura, sem-cerimônia, franqueza. Coisa de quem tem mais o que fazer, que discorda ou concorda quando quer e não tem medo de cara feia. Sejamos quem somos! Humildes, sim. Jamais capachos!

Imagem de capa: Sarolta Bán

André J. Gomes

Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.

Recent Posts

Com Julia Roberts, o filme mais charmoso da Netflix redefine o que é amar

Se você é fã de comédias românticas que fogem do óbvio, “O Casamento do Meu…

3 horas ago

O comovente documentário da Netflix que te fará enxergar os jogos de videogame de outra forma

Uma história impactante e profundamente emocionante que tem feito muitas pessoas reavaliarem os prórios conceitos.

12 horas ago

Nova comédia romântica natalina da Netflix conquista o público e chega ao TOP 1

Um filme charmoso e devertido para te fazer relaxar no sofá e esquecer dos problemas.

13 horas ago

Marcelo Rubens Paiva fala sobre Fernanda Torres no Oscar: “Se ganhar, será um milagre”

O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que inspirou o filme Ainda Estou Aqui,…

1 dia ago

Série que acaba de estrear causa comoção entre os assinantes da Netflix: “Me acabei de chorar”

A produção, que conta com 8 episódios primorosos, já é uma das 10 mais vistas…

2 dias ago

Além de ‘Ainda Estou Aqui’: Fernanda Torres brilha em outro filme de Walter Salles que está na Netflix

A Abracine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) considera este um dos 50 melhores filmes…

2 dias ago