Tanto faz se você está vivendo o melhor ou o pior momento da sua vida; uma coisa é certa: ele vai passar.
Pode ser, inclusive, que você esteja exatamente no meio de uma daquelas fases de “chove não molha”, aqueles momentos, meio sem graça, em que não acontece nada de mais, nem para bom, nem para ruim. Pois, acredite, esses momentos de marasmo aparente são absolutamente necessários. Nenhum de nós suportaria viver uma vida inteira em clímax; seria desgastante demais, tenso demais, forte demais.
As pausas ajudam a gente a saborear os momentos de glória e a digerir os momentos de aperto. É nas pausas que encontramos tempo para olhar como quem olha de fora. Aproveitemos, pois, para curti-las. Porque assim como o deleite e os perrengues, as pausas também vão passar.
E se há uma coisa que vale a pena aprender nessa vida é essa estranha mania que as coisas têm de serem passageiras. Encare a vida como uma viagem de trem. Haverá paragens onde você consideraria morar para sempre, há outras que você nem se lembra mais, e há aquelas que te fizeram querer acelerar o relógio, fazer o tempo ter pressa de passar. No entanto, independente da sua vontade de manipular o destino, seu trem não é capaz de andar fora dos trilhos, certo?
Sendo assim, pare de embirrar com a vida; pare de negar seus escombros, pare de amaldiçoar seus desafetos, pare de querer o que já não tem, pare de teimar em acreditar que tudo o que você perdeu era perfeito – porque NÃO ERA! E sobretudo, pare de renegar a sua beleza, bem como a sua face horrorosa; as duas são suas, as duas te representam, as duas são a construção caótica e linda da sua história; são a sua maneira única de se expressar no mundo.
E sabe… tem gente que vai te amar intensamente, tem gente que vai te odiar com delírio, tem gente que vai te ignorar solenemente, tem gente que vai lembrar de você com um sorriso nos lábios e o coração grato, tem gente que vai preferir nunca ter te conhecido… porque a depender da circunstância da vida, da hora ou do nosso escopo psicológico, haveremos de oferecer a beleza ou a feiura. E tudo bem! Tudo bem MESMO!
Entretanto, essa instabilidade irrefutável; essa nuance misturada de alguns de você morando no mesmo corpo e na mesma alma; essa indiscutível metamorfose humana não podem servir de desculpa, pretexto ou argumento para que você saia por aí acreditando que seus erros serão sempre perdoados, ou que os outros têm obrigação de te receber com abraços de amor, depois de você ter lhes mostrado o seu mais elaborado e pérfido “lado monstro”.
Tudo, absolutamente tudo o que sair de você como ações ou palavras, terão passado antes pelo teu crivo mental, emocional e espiritual. Atos e palavras são manifestações pétreas dos nossos pensamentos.
Então… não custa nada refletir um bocadinho, antes de distribuir desafetos por todos os cantos do mundo. As memórias dos outros sobre nós costumam ter longa duração quando pisamos na bola e pouquíssima duração, quando marcamos um GOL!
Seja legal, o mundo é uma casa muito pequena. Quarto, sala, cozinha e banheiro, tudo junto num só planeta. Difícil guardar segredos num espaço tão partilhado, difícil arranjar tantos tapetinhos sob os quais se possa esconder a sujeira. No fim das contas, o que vale é ter a certeza de que tudo o que infringimos ao outro é aquilo que foi ordenado pelo nosso coração, mas que antes, foi arquitetado pela nossa razão. A resposta? A resposta é olhar no espelho e ser capaz de ter amor por este outro que te contempla ali do outro lado. E lembrar-se SEMPRE: Ama-se o que se admira e o que merece o nosso respeito! O resto, é confusão mental.
Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Gravidade”