Eu conheci Maria Augusta Ribeiro por acaso enquanto comentava um poema de um amigo em comum que temos no Facebook. Logo no início fiquei impressionada com a perspicácia e inteligência de suas falas. Sabe aquelas pessoas que dizem duas frases e você já sabe que são especiais?
Porém, nem imaginava eu que estava a admirar informalmente uma grande poetisa portuguesa de quem os poemas, só comecei a ler depois desses primeiros contato.
Abaixo, transcrevo um poema selecionado.
Creio que, ao lê-lo, quem ainda não a conhece entenderá o motivo de minha admiração.
Sem abrigo
Ficou ali
Debaixo de uma escada
Tirou dos sacos uma manta usada
Que estendeu no chão
Fez um ninho de cão
Com palha e farrapada
Cobriu-se com jornais
(Que até falavam dele
E outros tais
Pois cada vez há mais!)
Fez um docel
Com uma velha pele
Rafada
Encomendou-se ao Nada
E dormiu
A cidade, passando açodada
Não via nada
E a familia
Fingia que não o conhecia…
Ali ficou até anoitecer
Viriam as senhoras a oferecer
Sopinha quente e uma maçã
Só para confortar
E ele irá guardar
Em cada mão
Um pão
Para comer de manhã
Se acordar…
Maria Augusta Ribeiro