Sense 8: a empatia dói, mas salva

“Sense8” (trocadilho com a apalavra inglesa “sensate”) é uma série de televisão produzida e lançada pelo canal Netflix. Trata de um grupo de 8 pessoas (“sensates”) que se conectam telepaticamente, ao redor do mundo, vivendo cada uma das personagens em determinado país. Dividem suas histórias, suas paixões, medos, alegrias e dúvidas. Como em toda trama que se preze, há quem os persiga.

A série arregimentou vários fãs em todo o mundo. Quando se anunciou o seu cancelamento, ao final da segunda temporada, uma comoção mundial acabou quase que forçando a Netflix a, recentemente, lançar um episódio final. Recheado de cenas eróticas e fortes referências à identidade de gênero, acompanhar os capítulos dessa história rende momentos extasiantes, em que a ordem das coisas entra continuamente em xeque.

Ali, a sexualidade extrapola toda e qualquer convenção normativa, as personagens não se limitam a ser somente boas ou somente más, nada é o que parece, mas tudo é o que se sente. Podemos dizer que os “sensates” são empatas natos, pois acabam sendo obrigados a enxergar os outros, a entender o mundo além do seu, uma vez que sentem na própria pele, literalmente, tanto as alegrias quanto as dores do grupo.

Somos, assim, levados, também, a refletir sobre o que é considerado normal, ou não, sobre desejo e atração, para muito além do físico, sobre a necessidade de termos alguém em quem confiar. Os episódios da série nos mostram que atravessar as nossas escuridões, podendo dar as mãos a alguém, é menos penoso, menos dolorido. Da mesma forma, tentar entender a dor alheia, sem julgar, torna as pessoas mais humanas e solidárias.

Ao final de cada episódio, fica, ao menos, a certeza de que se colocar no lugar do outro é uma necessidade urgente, desde sempre. A empatia traz entendimento, acolhimento, verdade e sabedoria. Empatia é amor, mas também dói, porque nos faz enfrentar a nós mesmos, nossas ações, tudo o que fizemos ou deixamos de fazer, por nós e pelo outro. Mas é assim que a empatia salva, liberta e nos encoraja a nunca desistirmos de nós mesmos.







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.