Separação não é tragédia, viver infeliz num relacionamento é tragédia

Não é fácil ignorar o que deve ser ignorado e dar atenção apenas ao que nos acrescenta. Temos uma tendência inexplicável a focar no que é ruim, como se o que não dá certo acabasse apagando tudo o que foi bom em nossas vidas. Uma palavra desagradável parece ser mais durável do que os elogios. Se quisermos viver melhor, temos que mudar, pois, quando a gente muda, o mundo muda lá fora.

É muito comum, por exemplo, as pessoas opinarem sobre as vidas umas das outras, muitas vezes de forma desagradável e invasiva. Palpitam na criação do seu filho, na sua roupa, no seu emprego, na reforma de sua casa, na sua construção. Palpitam na sua saúde, nas suas amizades, no seu namoro, seu casamento, na sua dor. Mesmo que nunca tenham oferecido ajuda alguma, mesmo que só apareçam para diminuir a sua vida. Gente que devemos urgentemente ignorar, mas às vezes não conseguimos.

E, quando se trata do fim de um relacionamento, os olhares alheios são ainda mais carregados de julgamentos. Em pleno século XXI, ainda existe quem acha que é preciso fazer sacrifícios dos mais indignos para manter um casamento, em favor dos filhos, ou de qualquer outra coisa que não seja o marido ou a esposa. Como se fosse uma falha irreversível não dar certo na vida a dois. Como se fôssemos obrigados a manter um relacionamento falido porque a sociedade assim o quer.

Logicamente, um casamento envolve muitas pessoas e todas elas sofrerão com o fim dele. Porém, isso não quer dizer que todo mundo deve ser poupado, menos quem sofre e não consegue mais sustentar um amor que nem existe. Filho não segura casamento, dinheiro não segura casamento, nada segura um casamento, a não ser a vontade de amar todos os dias a mesma pessoa. Se passou essa vontade, o casamento já acabou.

Não é egoísmo pensar em você, quando se trata de sobreviver, de querer amar e ser amado de volta, de querer ser feliz. Não é tragédia se separar, tragédia é manter um relacionamento vazio e infeliz. Tragédia é deixar de viver o que se é, para agradar pessoas que não vivem sua história de dentro. Ignore e siga. Vai ser feliz.
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Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “História de um casamento”
Texto originalmente publicado em Prof Marcel Camargo

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Josie Conti Psicóloga.

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"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.