Quando o assunto envolve algum tipo de pesquisa científica, certamente um dos campos mais complexos nesse quesito é aquele que avalia a inteligência humana, justamente pelo fato de que inteligência é um fator abstrato demais e, por isso, difícil de ser compreendido, medido e comparado.
Ainda assim, há métodos que nos permitem avaliar níveis de aprendizagem, como acontece nas escolas, por meio da realização de provas e trabalhos. Seguindo essa linha, muitos cientistas já realizaram pesquisas para comparar níveis de estresse e ansiedade com aprendizado. Não é de hoje que a relação entre uma coisa e outra é sugerida – ou você nunca ouviu, por acaso, que a ignorância é uma dádiva?
O raciocínio de que não saber alguma coisa é reconfortante permite deduzir que saber pode ser algo ameaçador. É o mesmo princípio de “os ignorantes são felizes”. Desconsiderando as interpretações mais filosóficas da afirmação e nos atendo apenas à ignorância como antônimo de inteligência, será, então, que os inteligentes são menos felizes ou, nesse caso, mais ansiosos?
Um estudo conduzido pelo psicólogo Alexander Penney, de Ontario, no Canadá, avaliou o aprendizado de mais de 100 acadêmicos universitários. Surpreendentemente, os estudantes que se consideram mais ansiosos e preocupados são aqueles que alcançaram as maiores pontuações em um teste de inteligência verbal.
Outro estudo, realizado em Israel em 2012, também relacionou inteligência com ansiedade. Na ocasião, 80 estudantes participaram de um experimento que avaliava como eles reagiam a uma situação com alto nível de nervosismo e ansiedade.
Sem saber que seriam “enganados”, eles foram avisados de que participariam de uma experiência com um software novo. Acontece que enquanto faziam os testes, seus computadores estavam programados para travar, como se estivessem com algum tipo de vírus. Em seguida, uma pessoa aparecia, alarmando a situação e aconselhando que os alunos chamassem uma equipe de assistência técnica urgentemente.
Enquanto corriam atrás de algum tipo de assistência, os estudantes desesperados nem faziam ideia, mas passariam por outros testes. No hall da universidade, alguém os abordaria pedindo para que participassem de uma pesquisa; na sequência, outro “estudante” derrubaria um calhamaço de papel em cima dos pés das pobres cobaias deste estudo maluco.
O resultado foi claro: aqueles alunos mais estressadinhos e ansiosos por causa dos imprevistos foram os que conseguiram resolver o problema do computador mais cedo. Além do mais, ficou claro que as pessoas mais ansiosas eram também as que se empenhavam mais para terminar seus trabalhos.
O psiquiatra Jeremy Coplan, de Nova York, estudou os níveis de inteligência de pessoas que sofrem de transtorno de ansiedade generalizada: aqueles com níveis mais altos de ansiedade eram também os que tinham maiores índices de Q.I.
Acredita-se que essa relação entre ansiedade e inteligência tem a ver com o fato de que pessoas mais ansiosas e preocupadas conseguem pensar em formas diferentes de resolver problemas, pois são capazes de analisar todos os ângulos de um problema – logicamente, quem faz esse exercício chega aos melhores resultados.
Grandes pensadores, estudados em todo o mundo, sofriam de ansiedade – só para citar alguns exemplos: Nikola Tesla, Charles Darwin e Kurt Gödel. É lógico que, em alguns casos, a ansiedade não é uma coisa positiva e produtiva e, se chega a atrapalhar o trabalho ou os estudos de uma pessoa, é preciso procurar ajuda médica.
E aí, você acredita que pode ser uma pessoa ansiosa? Acha que isso tem relação com a forma como você resolve seus problemas? Conte para a gente nos comentários!
Fonte: Mega Curioso | Slate/David Wilson, via Bio Sem Limite
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