Ser introvertido não é um defeito. Também não é como se andasse por aí com um sensor no peito, apontando pro coração o que pode e o que não pode ser sentido. E também não tem nada a ver com timidez, aviso aos desconhecidos. Ser introvertido é um estado em que você sente demais e abraça isso.
Hoje em dia, e posso até compreender, busca-se querer definir todos os comportamentos emocionais das pessoas. Com a introversão não é diferente. E nem deveria. Mas calma aí, quem sabe do que sinto, sou eu. Vou explicar o porquê em pensamentos únicos e em desejos raros. Não se assuste. Não guarde mágoas. Mas o mais importante, tenha empatia. Porque ser introvertido não foi algo que descobri há pouco. Na verdade, tenho quase certeza que sempre esteve aqui dentro. Apenas não sabia como colocar em palavras.
Ser introvertido não é acordar introvertido, que fique claro. Sinto tanto quanto qualquer um. Tenho variações de humor comuns a todos. Fico chateado, feliz, preocupado, relaxado e o que mais você queira dar nomes. A diferença – e não quer dizer que sou melhor ou pior, é que o meu modo não se encaixa na maioria. Tenho preguiça da maioria, confesso. Não é uma crítica, apenas não me cabe. O que todo mundo gosta? Que bom para eles. O que todo mundo conversa na mesa do bar? Que bom para eles. O que todo mundo faz para ser alguém na vida? Que bom para eles.
É mais ou menos assim, sinto e vivo numa frequência que não dá para ser pirateada. É uma condição exclusiva e de diferentes consequências para cada um que se encontra no próprio mundo. Mas posso ser ainda mais explícito num exemplo, ser introvertido me faz amar inteiro. Não preciso ficar dizendo “eu te amo” para que, de fato, ame. Não preciso da convivência constante daqueles que estimo para que, de fato, admire-os. Presença não quer dizer nada quando você é bem-vindo (a) na minha vida. Tenho espaço aos montes, só não fico anunciando no balcão do viver.
Ser introvertido não é lá de todo ruim, ainda que muita gente insista que é. Ou pior, que não entendam.
Não é sempre que ser assim, sentimental de dentro pra dentro, ajuda.
Entretanto, não troco nenhuma das minhas vivências inteiras.
Imagem de capa: Diários de Motocicleta (2004) – Dir. Walter Salles
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