– Pai, a vovó fez 63 anos ontem. É muito tempo né?
– Você acha filho?
– Com quantos anos as pessoas morrem?
– Ah! Isso depende muito de como cada um vive a vida, condição de saúde, qualidade de vida e por assim vai. Quero dizer que tem pessoas que não fazem exercícios físicos, não mantem uma alimentação saudável, não fazem exames rotineiros, mas pode acontecer delas praticarem outras atividades, o bem. Cuidam muito bem da alma, ou seja, não guardam rancor, não a envenenam com bobagens, mas há também aqueles que fazem exercícios constantemente, gozam de uma vida saudável, mas é possuidor de um coração amargo cheio rancor, birra entende? Tudo é relativo, há pessoas que tem facilidade para adoecer-se, outras têm uma boa imunidade.
– A gente então tem então duas vidas, Pai?
– Entenda apenas como sentido figurado, mas tem mais a ver com um conjunto de fatores, sua saúde física, corpo e além de tudo temos a vida espiritual, pois é a nossa alma que em seus grandes mistérios, nossa maior riqueza, o sopro da vida, é de um valor incalculável. Nela depositamos consciente e inconscientemente todos os nossos sentimentos, a alegria e também felicidade, a tristeza, incerteza, carinho, bondade e o mais belo de tudo, o amor. Se uma pessoa coleciona sentimentos bons em sua jornada, pouco importa o tempo longo ou curto na terra desde que estes sejam muito bem vividos, entende?
– Entendi pai, eu então sou uma pessoa que gosta de colecionar o bem igual ao que o senhor falou, mas às vezes eu fico triste também, mas não tem problema não né?
– Claro que não filho, se no final das contas, numa balança imaginária de um lado colocares tudo o que praticou de bem e do outro o que deixamos de praticar, o lado do bem sempre vence, pode ter certeza! O peso é diferente porque praticando o bem você trabalha com todos os outros sentimentos, fazer o bem pode te deixar mais feliz e ao mesmo tempo alegre, aumenta a fé, a esperança, acrescenta amor em você mesmo ou em alguém, te traz inspiração, vontade de tornar a pratica-lo constantemente, por isso os pesos e as medidas são diferentes. O que não se pode é deixar de fazer o bem.
– Dependendo do ponto de vista, a vida pode ser curta e ao mesmo tempo suficiente, mas tem que ser natural, não pode ficar fazendo contas o tempo todo, saber viver o hoje com alegria e sempre, pois te melhora a saúde sem nunca ter ido à academia, te melhora o raciocínio lógico sem ter passado por um psiquiatra, te melhora a fé sem ter sido arrastado por alguém a uma religião, ou seja, sua alma tem o pleno poder, o livre arbítrio.
– Que legal pai, se tudo der certo eu vou viver uns cinquenta anos mais, vou ser uma pessoa incrível, vou ser sabe o quê?
– O que filho?
– Serei todas as coisas que me inspiram.
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