Na escola José Maria Bahia Ramalho, instalada na Comunidade Tabuleiro, Zona Rural de Carauari, distante 788 Km de Manaus, a realidade e as perspectivas das crianças são muito diferentes daquelas vividas por crianças que crescem em grandes centros urbanos. Desde cedo, os pequenos são levados a seguir os passos dos pais, mas em profissões que, muitas vezes, são esquecidas ou consideradas menos importante pela sociedade, como pescadores e caçadores.
Com o intuito de homenagear a cultura e o estilo de vida das crianças ribeirinhas, a professora Laura Viviane decidiu fazer uma sessão de fotos com os formandos e as famílias em um ambiente que muitos conhecem e devem usar como local de trabalho nos próximos anos: o lago e a floresta. O resultado é fofíssimo!
Carauari fica na Região do Rio Juruá, na região oeste do Amazonas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 28.508 pessoas vivem no município. Segundo o instituto, em 2018, 5.862 matrículas foram registradas no ensino fundamental.
“É uma oportunidade que chega a ser única na vida de uma criança. Ainda mais aqui, na Zona Rural, afastada da cidade, longe de tudo, da modernidade. Sendo que geralmente os filhos crescem se inspirando nos pais, que são caçadores, pescadores, agricultores, vivem da roça. E a gente sabe que para seguir esses passos, de certa forma, não terão uma formatura. Então, eu quis tornar esse momento único na vida deles, ao menos uma vez na vida”, disse a professora.
Formada em Ciências Biológicas, Laura começou a lecionar na comunidade Tabuleiro neste ano. Lá, a modernidade passa longe. Internet e energia somente à noite, quando o gerador de luz é ligado. De dia, as crianças se desdobram entre as aulas, ajudar em casa ou aprender, desde cedo, o ofício dos pais. Tudo isso, segundo ela, torna a experiência de ensinar desafiadora e ao mesmo tempo gratificante.
“Foi um ano de desafios, mas muito gratificante. Tanto para mim quanto para os meus alunos. A gente sabe que a realidade não é fácil, né?! Eles têm que ajudar os pais em casa, ou ajudar a caçar, a pescar, mas seguiram firmes nos seus objetivos, nos seus sonhos e conseguiram concluir o curso. Eles são motivo de muito orgulho para mim”, contou.
A professora contou que no início da sessão de fotos, muitos alunos e pais ficaram tímidos. Entretanto, passado algum tempo, todos se soltaram e aproveitaram o momento que, inclusive, foi dirigido e fotografado por ela mesma. Alguns queriam até repetir o momento.
“As crianças e os pais amaram. No começo alguns ficaram meio tímidos, mas depois eles se soltaram e gostaram muito. Queriam repetir a sessão. No outro dia, algumas crianças me perguntaram: ‘Professora, hoje vai ter foto de novo?’ Foi muito gratificante, emocionante ter vivenciado esse momento com eles”, revelou.
Para a professora, a conclusão do trabalho está sendo incrível e ela pretende se dedicar ainda mais à missão de educar as crianças da comunidade, mesmo vivendo distante da família e amigos que estão na zona urbana de Carauari.
“Só tenho a agradecer a Deus e a todos que puderam contribuir para que esse momento pudesse acontecer. Me sinto realizada, com o sentimento de dever cumprido. Esse é o meu primeiro ano e apesar de tudo o que estamos vivendo, dessa pandemia, dessa realidade totalmente diferente que fomos obrigados a viver, foi muito gratificante. Eu tinha o costume de estar com a família, amigos, mas estou vivendo numa outra realidade, ao lado deles, dos meus alunos, das suas famílias. Foi uma experiência única, sem dúvidas”, finalizou.
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Redação Conti Outra, com informações de G1.
Foto destacada: Laura Viviane/Reprodução.