Por Patrícia Pinheiro
Não é a toa que a expressão “sexo frágil”, destinada às mulheres, tem o poder de me tirar do sério: há 22 anos fui gerada e convivo com a pessoa mais forte que já conheci. Meu pai era um doce e me amou incondicionalmente durante os 19 anos que a vida permitiu que passássemos juntos, mas, sempre que tudo desandava, é em minha mãe que encontrávamos a calmaria em meio ao medo; a orientação e sabedoria em meio à confusão; o exemplo de força para seguir caminhando em meio à pernas fraquejantes.
Quando ouço que “as lutas femininas não passam de vitimização”, olho para a mulher que, sem conhecer nada do mundo, saiu do interior, com seus 15 anos de idade, para, anos depois, tornar-se a enfermeira mais respeitada de um hospital. Lembro da mulher que passou nove meses doente para que eu pudesse vir ao mundo. Lembro da mulher que enfrentou crises horríveis de enxaqueca, um câncer e uma endometriose e, ainda assim, guardava suas dores em bolsos que nem existiam mais para poder cuidar, não só das minhas, mas das daqueles que precisavam de seus olhos atentos e voz tranquilizante.
Quando ouço que as mulheres são mais fracas e sensíveis e que necessitam de um homem que as proteja, lembro da mulher que, ainda que lidando com suas próprias doenças físicas, medos e frustrações, foi a mão firme a segurar a minha nas noites intermináveis de choradeira; foi a perspicácia na tomada de decisões e a presença e (a)braços incansáveis na doença de meu pai.
Quando penso na palavra “força”, penso na minha mãe, penso nas mulheres. Nas mulheres que – ainda que com diferentes graus de privilégio – se fazem fortes simplesmente por sobreviverem a um mundo que constantemente as julga, cobra e diminui e, com toda a falsa simetria que existe, ainda as chama de frágeis.
Uma história impactante e profundamente emocionante que tem feito muitas pessoas reavaliarem os prórios conceitos.
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