Recentemente assisti a um vídeo maravilhoso do Lama Michel onde ele explica a importância de compreendermos nossos sentimentos porque tem vezes que nós temos sentimentos diferentes aos quais nós damos o mesmo nome, como por exemplo o amor.
Gosto da sua explicação sobre a grande diferença de sentimentos entre o “Eu te amo” e “Eu te desejo”. Pelo budismo, quando dizemos “eu te amo”, estamos dizendo “eu desejo a sua felicidade independente de qualquer circunstância”. Já quando dizemos “eu te desejo”, aí sim, envolve o eu te quero fisicamente pertinho de mim, para eu ser feliz, quero o seu carinho ou sua atenção. São sentimentos distintos, mas que popularmente acabamos dizendo o “eu te amo” sem distinção.
Gosto da reflexão que podemos amar alguém sem necessariamente desejá-la, ou então que podemos amar e desejar, ou ainda que apenas desejamos, sem amá-la. Em sânscrito há 96 significados para a palavra amor, o que nos faz refletir sobre a nossa pobreza sobre em como expressamos nosso amor ou felicidade ou desejo.
Em todas as linhas espirituais (e religiosas) é frisado a importância de amar a todos. Amar no sentido de desejar a felicidade. Amar no sentido de se ter compaixão, compreensão, perdão por quem quer que seja, afinal, em nossa natureza mais pura somos apenas amor. Amor, quero agora dizer, energia pura, fluida, bela, harmoniosa e empática.
Quando me separei uma amiga próxima me sugeriu escrever um livro com um título mais ou menos assim “Como se divorciar em paz”. Acho que para eu me sentir expert no assunto para escrever um livro eu precisaria me divorciar mais umas dez vezes, risos. Mas, achei curioso esta admiração dela e conforme nos aprofundamos no assunto eu lhe expliquei sobre o meu “amor maior” sem ainda saber que era o amor com o olhar do budismo.
Como após tantos anos, com tantas experiências fabulosas compartilhadas, com tantos aprendizados e crescimento juntos, eu não desejaria a maior felicidade do mundo a este parceiro com quem dividi minha vida?
Podíamos não nos desejar, ou então, ter desavenças em alguns aspectos da vida à dois, porém, acima de tudo, com respeito e gratidão pelo caminho que nos levou até aquele ponto de separação, eu o amava com plenitude de querer vê-lo bem, feliz aonde quer que escolha. Acima de tudo.
Sempre fui de falar e escrever para amigos, família e namorados “eu te amo” e percebi que muitas vezes deixei as pessoas desconcertadas. Acho que a partir de agora, ao final das mensagens colocarei um “PS”: ***na interpretação budista.
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