Trabalhar diretamente com pessoas exige uma série de habilidades e capacidades, seja qual for a profissão em que estamos envolvidos.
Muitas vezes, a carga emocional presente nos relacionamentos no ambiente trabalho são tantas que, em algum momento, o profissional se vê diante de uma sobrecarga que não mais suporta. Em decorrência, acaba exausto emocionalmente, distanciado afetivamente das pessoas com quem trabalha e perde a satisfação que antes encontrava na atividade laboral.
Essas alterações fazem parte de um quadro específico que tem sido alvo de muitos estudos recentes: A Síndrome de Burnout.
Definição
A Síndrome de Burnout é definida como uma síndrome psicossocial surgida como uma resposta crônica aos estressores interpessoais ocorridos na situação de trabalho.
É um problema complexo, afetando a saúde física e psíquica de muitos profissionais que lidam diretamente com pessoas, como por exemplo: profissionais da saúde, professores, policiais, atendentes de telemarketing, profissionais do judiciário, executivos, entre outros.
Tem desenvolvimento lento e gradual e quando os profissionais procuram ajuda o desgaste é muito intenso e a saúde física e mental já se encontra comprometida.
Desenvolvimento
O quadro desenvolve-se a partir de três dimensões características: a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização pessoal.
A exaustão emocional é o traço inicial da síndrome e está relacionada ao esgotamento dos recursos emocionais do indivíduo; a falta ou carência de energia e entusiasmo; aos sentimentos de frustração e tensão, sendo que o profissional não se sente mais capaz de dispensar a mesma energia de antes.
A exaustão é consequência da sobrecarga emocional e do conflito pessoal nas relações no trabalho.
A despersonalização, aparece como consequência da exaustão emocional. Por não mais conseguir lidar com os sentimentos vividos nas relações interpessoais no trabalho, o profissional, desenvolve uma insensibilidade emocional, sendo que o mesmo passa a tratar seus clientes/alunos/pacientes e colegas de trabalho como objetos e de forma fria, impessoal e massificada.
Surge uma dificuldade para lidar com os sentimentos e emoções e uma diminuição dos contatos pessoais para evitar a angústia.
O desenrolar desta difícil situação faz com que o profissional diminua seu desempenho e eficácia no trabalho. Com isso, há o desenvolvimento da terceira dimensão da síndrome: a baixa realização pessoal.
Passa a existir um declínio dos sentimentos de competência e êxito e da capacidade de interagir satisfatoriamente com as pessoas, que cede lugar a sentimentos de incompetência e frustração. O profissional passa a ter uma auto-avaliação negativa associada à insatisfação e infelicidade com o trabalho.
Sintomas, Fatores desencadeantes e Consequências
Os sintomas da síndrome são os mais variados, compondo sintomatologia física, psíquica e comportamental.
Entre eles podemos destacar: fadiga, cefaleias, distúrbios gastrointestinais e cardiovasculares, humor deprimido, irritabilidade, isolamento, ansiedade, baixa auto-estima, impaciência, negativismo, rigidez e consumo de álcool e substancias psicoativas em geral.
Está relacionada a diferentes fatores desencadeantes, sejam eles internos ou pessoais (como personalidade, crenças, aspectos sócio-demográficos, história de vida, presença de recursos de enfrentamento, etc) ou externos ou organizacionais (como condições de trabalho, características da organização, etc).
Influência na qualidade de vida do profissional que a desenvolve, aumentando o risco de episódios depressivos, abuso de substâncias e tentativas de suicídio. Interfere negativamente na qualidade dos relacionamentos com pacientes/clientes/alunos e equipe e afeta a qualidade dos serviços prestados. Aumentam as taxas de absenteísmo e de abandono do trabalho.
Superando a Síndrome de Burnout
Se você se identificou com a descrição feita até aqui, o primeiro passo para a superação do problema é buscar ajuda profissional!
Neste caso, a procura com profissionais especializados (médico e psicólogo) é o mais indicado.
A Psicoterapia ajudará a identificar as raízes do problema e a encontrar os recursos necessários para lidar de maneira mais saudável e equilibrada com as demandas laborais e relacionais.
O uso de técnicas de abordagem corporal e/ou expressivas aliadas a psicoterapia podem ser de grande valia.
Outra dica importante é a melhora dos hábitos de saúde e qualidade de vida.
Busque atividades prazerosas e de relaxamento para diminuir a tensão.
Procure ter uma vida social e afetiva mais rica e evite centrar sua vida somente no trabalho.
Buscar supervisão com profissionais mais experientes, grupos de apoio e suporte emocional também podem ajudar. Eles te tiram da solidão e isolamento, despotencializam a ansiedade e podem ampliar sua visão do problema.
A capacitação profissional também é importante neste caso. Voltar a estudar amplia os conhecimentos técnicos e pode te ajudar a ter novos recursos para lidar com as situações no trabalho.
Quanto mais preparado você for, mais hábil para lidar com os desafios laborais e relacionais você estará!