Em um café, despretensiosamente, escuto duas jovens conversando sobre relacionamentos. Não que eu tenha algo com isso, mas a conversa alta se resumia em três conselhos: “ não demonstre interesse”, “não diga que ama” e “não atende o celular nas primeiras chamadas”. Fiquei em estado de inércia tentando entender qual seria o objetivo dos conselhos. Porque, convenhamos, se for conquistar alguém o caminho está completamente errado.
Não consigo entender como a teoria do “pisa que ele gama” pode funcionar, já que ninguém gosta de ser desprezado ou ignorado. Mas, enfim, vamos discutí-la agora.
A não ser que você tenha um poder sobrenatural para adivinhar as coisas, a probabilidade de descobrir o que o outro sente, sem que ele demonstre, é nula. Em outras palavras: é impossível acreditar que o outro está com saudades, se há sempre desculpas para desmarcar encontros. É impossível perceber interesse (afetivo), se o outro não responde as mensagens que você ensaiou o dia inteiro para enviar. É impossível enxergar amor, se as atitudes revelam o contrário. Entenda: amor não é jogo, é sentimento.
Quer a verdade? Charminho demais irrita e joguinhos de sedução enjoam. Ninguém tem tempo a perder. Pessoas objetivas são atraentes, gente decidida encanta e gente disposta atrai. O resto é conversa fiada.
Quem, realmente quer, assume a saudade, procura a presença e faz acontecer. Quem quer, demonstra afeto, manda mensagem açucarada, dá foras tentando acertar. Como diz Iandé Albuquerque “quem quer, arruma um jeito. Quem não quer, arruma uma desculpa.”
Não existe um manual que ensine as práticas do amor moderno. É preciso sensibilidade e altas doses de bom senso para saber o que ( e o que não) fazer quando o coração bater forte.
A vida não se resume à negar as aparências e disfarçar as evidências como ensina a música sertaneja. Pelo contrário, isso só te leva à auto sabotagem e à negligência dos próprios sentimentos.
Dê valor ao que, realmente, importa. Bateu saudade? Ligue. Descobriu que ama? Fale. Incomodou? Resolva. A vida é muito mais sobre as atitudes que você toma do que sobre os sonhos que você tem.
Imagem de capa: Eviled/shutterstock
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