Não, definitivamente não estamos acostumados a respostas positivas e espontâneas. Nosso processamento mental já aguarda aquele não de pronto e se antecipa, encadeando argumentos e longas discussões. É um tempo brutalmente coagido a traçar estratégias de defesa e contra ataques, antes mesmo de a frustração ocorrer. Somos esses, os que preferem franzir a testa e retesar os músculos.
Ouvir um sim é estranho nos nossos tempos. Quando isso acontece, a maioria de nós pergunta: – Tem certeza? – Você prestou atenção no que eu falei, ou pedi, ou provoquei?
E então aparece uma alma nada a fim de entrar no jogo duro e diz de pronto, e, por vezes, sorrindo: – Sim, eu posso fazer isso; – Sim, eu estou tentando entender; – Sim, não vejo nenhum problema.
Aí tem problema! Como assim, sim? Não vamos nem pelejar um pouco, defender territórios, atiçar as fraquezas? Esse sim veio tirar toda a graça do atrito, do tempo que seria gasto com discussões por razões, sem razões, pelo prazer de conquistar-se uma razão, mesmo que não faça sentido nem razão.
E tem gente que diz muito sim! A vida vive dizendo sim! O tempo não para de dizer sim! O batimento do nosso coração, enquanto trabalha, está dizendo sim!
Sim para o que pode ser sim, não para o que a gente quer. Não para a criança mimada e egoísta que a gente costuma abrigar dentro da gente, em corpo e comportamento de adulto que sente muito prazer em dizer não, e não sabe mais ouvir um sim sem se espantar e se indignar.
Aprender as ouvir um sim como resposta; Aprender a apreciar o caminho que não ofereceu barreiras; Acreditar no próprio julgamento sem as restrições prévias; Pensar, racionalizar, sentir e desfrutar cada porta que o sim abre, porque, como se diz por aí, o não a gente já tem.