Sou o tipo que ama filmes, mas não tem paciência com séries. Eis a minha questão com programas reality show. Por mais que ocorram situações interessantes, não conseguem me prender interessada por 3 meses. Mas, ainda que pelas redes sociais, tenho observado a reação das pessoas com relação à duas participantes e comecei a analisar isso na vida “real”, fora das telas.
Por exemplo, uma das participantes entrou e logo se meteu em um dilema.: descobriu uma situação machista, denunciou e, se de um lado alguns participantes acreditaram nela e confiaram na sua palavra, de outro, alguns ignoraram e a questionaram. Enquanto isso, o público tomou o partido. Transformou a participante em uma deusa, perfeita, sempre coberta de razão. Em horas, ela ganhou milhões de seguidores e suas frases viraram lema.
E, então, ela continuou agindo normalmente e, claro, mostrou ao mundo que tem dezenas de defeitos como todos dentro e fora da casa tem. Falou besteira, fez fofoca, ficou cega de paixão como muitos de nós ja ficamos, escolheu amizades que não eram interessantes para o papel que tinha inicialmente, se afastou de pessoas que o público admirava… E como esperado, o mesmo público que a endeusou tornou-a inimiga número um do Brasil. Não, ela não cometeu crimes ou fez nada de diferente do que qualquer um de nós faz (ainda que não assuma). Por isso, ela foi de santa à vilã.
Vivemos buscando santos, salvadores. É por isso que existem religiões e seitas. Não acreditamos ser capazes de fazer isso por nós mesmos. Paradigmas. Então, quando alguém tem coragem apenas de dizer a verdade, de se expor, corre o grande risco de virar Deus ou diabo para os espectadores.
Fazemos isso na vida real o tempo todo. Gente que acabou bons relacionamentos porque escutaram o primeiro “Não”; gente que não fala com a mãe porque descobriu que antes de ser mãe ela era uma mulher e aproveitou bastante a vida; gente que odeia os pais porque eles se separaram acabando com o ideal de vida perfeita que essa pessoa tinha na cabeça… julgar as imperfeições do outro é uma forma de brigar com as nossas. Não aceitamos que o outro tenha os mesmos defeitos que temos porque, ao aceitar, teremos que lidar com eles. As pessoas não nos decepcionam. Nós criamos expectativa e quando não são atingidas, chamamos de decepção.
O contrário também acontece. Daí vou citar a segunda participante que falei lá no começo. Errada ou certa, desde o começo do programa, ela manteve a mesma postura. Fora da casa, faz missões até mesmo fora do país ajudando as pessoas. Dentro da casa, age do mesmo jeito: cuida dos mais próximos, defende o que acredita (certo ou errado, isso não vem ao caso no momento). Quando a admiração do público por ela cresceu, uma outra parte do público começou a se incomodar com isso. “Perfeita demais”; “boazinha demais”…
Apareceu uma ex amiga (Não acredito que este termo exista, mas ela se identificou assim) falando que agora ela era boazinha, mas no passado fez isso ou aquilo. Outro grupo tentou descredibilizar as missões que ela faz para ajudar as pessoas, questionando as intenções. Outros começaram a usar trechos de falas dela fora do contexto para tentar “sujar” a imagem. Tudo por uma simples razão: se assumir que sim, existem pessoas acima da média, que vivem o que falam, não teremos mais desculpas para nos mantermos no mesmo lugar. Teremos de mudar e fazer muito mais do que fazemos.
Quer outro exemplo?
A pandemia tem obrigado as pessoas a enfrentarem seus próprios monstros internos. Inveja, raiva, medo, preconceito… Tudo tem vindo à tona neste momento. Olhe nas redes sociais dos artistas. Quem doa um milhão é cobrado por quem não doou um real a doar 2 milhões. Quem pede para as pessoas ficarem em casa é criticado: “só pede isso porque vive em um casarão. Quero ver ficar na minha casa”. Quem precisa sair é rotulado de egoísta por quem fica. E o número de pessoas pregando morte aos chineses e aos idosos?
Trabalho também com redes sociais e tenho lido neste período comentários assustadoramente violentos. Tudo porque os outros e todo exterior nos mostra exatamente como é o nosso interior, como somos cheios de defeitos. Então, para muitos, é preferível criticar e acusar a admitir o óbvio.
A pandemia só está trazendo para fora tudo o que já tem dentro de Você. A sua preguiça de crescer, sua inveja dos bens das outras pessoas, seu preconceito com outras etnias, sua raiva da vida que não construiu como queria…
Pare de buscar mártir, deuses, salvadores, culpados… A sua vida é o que você faz dela! O único culpado ou responsável por estar onde está é você! Não dê ao outro a responsabilidade pelo seu destino.
Muito obrigada
Namaste
Photo by Victoria Heath on Unsplash
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