Por Tatiana Nicz
Autonomia (Grego antigo: αὐτονομία autonomia de αὐτόνομος autonomos de αὐτο- auto- “de sí mesmo” + νόμος nomos, “lei”, que quando combinados são entendidos como “aquele que estabelece suas próprias leis”.
Eu tenho observado muito na maneira como somos “programados” para aprender com o que vem de fora e nos esquecemos de validar os nossos aprendizados. É como se inconscientemente todos os dias, mandássemos uma mensagem para nós mesmos de que não somos bons o suficiente, que não sabemos o suficiente, que não somos capazes. Nessa ânsia por sermos capazes estudamos, fazemos cursos, lemos livros, sempre no papel de aprendizes e dando autonomia para o outro ser o mestre. Acho que até uma certa idade isso é bem válido, as crianças precisam de orientação, os adolescentes também, alguns ofícios ou até idiomas podem ser aprendidos, mas o problema é que continuamos replicando essa fórmula em tudo que realizamos.
Certo dia fui fazer o Zazen – meditação sentada Zen Budista – eu não sabia absolutamente nada sobre o Zen Budismo e muito menos sobre o tal zazen. Perguntei ao monge com a esperança que ele me ensinasse algo e me desse orientações “como é esse zazen?” e o monge respondeu: “então, você senta e medita”. Eu ainda esperei para ver se ele complementaria com algo, mas não. Foi então que ele me contou como os orientais têm a cultura de fazer e aprender e não o contrário como fazemos por aqui. Essa lição ficou muito forte em mim, inclusive para desistir de fazer zazens e acreditar que sou o que preciso ser, sem meditação, Yoga, curso de nada.
Acho importante a gente se encher de conhecimento, aprender, crescer. Mas é mais importante ainda que, em algum momento no meio disso tudo, a gente se permita parar um pouco para contemplar e validar o que ja temos e aprendemos e acreditar, de alguma maneira, que isso é suficiente. Além do mais tem coisa que aprendemos com a vida e que não está em livro algum. Quer aprender a desenhar? Desenhe. Quer aprender a fotografar? Fotografe. Com o equipamento mais simples que puder. Tente gastar menos dinheiro com equipamentos e cursos e um pouco mais de energia simplesmente fazendo, acreditando que você dá conta. E não apenas é importante fazer isso por nós mesmos, mas também pelos outros.
Sinto que nós aprendemos sobre muita coisa, mas não sabemos nada sobre autonomia. Pudera, somos a cultura da “pena”, não somos programados para dizer que o outra dá conta e sim para sentir pena. Dessa maneira não nos damos conta que sentir pena automaticamente invalida e tira a total autonomia do outro de lidar com suas dores e dificuldades e de aprender. A pena é o pior que você pode dar para o outro, independente da situação que ele esteja. A pena é um sentimento arrogante e egoísta, que só parece ser bom para quem sente, mas no fundo nem isso é.
Não culpo ninguém que sente pena, eu mesma me policio todos os dias para não sentir pena de ninguém, nossa sociedade é paternalista, nós aprendemos a passar a mão na cabeça do outro e chorar por/com ele, afinal, coitadinho! Mas não aprendemos a olhar e dizer: “você dá conta, eu tenho certeza que dá!”. Mas, apesar de ser raro, quando alguém faz isso por nós, é libertador.
Há alguns anos, passei por um período bem conturbado, joguei anos de carreira (e cursos e diplomas) no lixo e não sabia o que seria de mim profissionalmente, no meio disso era responsável pelo bem-estar da minha mãe que tem Alzheimer e meu pai fora diagnosticado com câncer, raro, agressivo, grave. Eu estava perdida. Olhando para trás às vezes acho bom que vivemos em uma cultura onde a estética é tão importante porque por fora eu parecia bonita, magra, cabelos longos e hoje acho bom que muitas vezes nosso exterior “engana”, porque por dentro eu estava em ruínas.
Um dia, em conversa entre amigas, uma delas me disse: “estou super tranquila, vejo uma luz no fim do túnel para você, você vai ser uma ótima professora e vai amar dar aula e os alunos vão te adorar!”. Ela andava batendo nessa tecla há algum tempo.
Eu não sei se já agradeci à ela, mas o que ela fez por mim foi grandioso. Claro que existe meu trabalho de correr atrás, estudar, me dar essa autonomia e descobrir que eu sabia muito mais do que imaginava e também tentar. Mas, a maneira como ela falou, com tanta certeza, me salvou. Eu lembro de ter ficado incomodada, “pô como ela não está vendo como eu sou coitadinha?”. Mas algo dentro de mim se agarrou naquela certeza que ela tinha, porque ela mesma é professora, então se ela que conhecia o trabalho, estava vendo algo em mim que eu mesma não conseguia enxergar, talvez ela estivesse certa. E estava.
Em pouco tempo descobri outro ofício e através dele aprendi que é possível amar o que fazemos e reencontrei propósito na vida. E ter descoberto isso, foi o que me deu forças para enfrentar um período da minha vida “pauleira” que foi esse em que, aos poucos, perdi meu pai. E para proclamar minha independência e autonomia também dos padrões de beleza cortei os cabelos bem curtos. Foi uma libertação e ao mesmo tempo muito assustador. Mas, descobri que, ao contrário de Sansão e do que eu mesma acreditava, minha força não está nos meus cabelos e sim em acreditar que posso mesmo quando as circustâncias me fazem duvidar.
E hoje penso muito sobre esse processo de me dar autonomia e dar autonomia aos outros. Porque aquele velho clichê é pura verdade, somos sim muito mais fortes do que pensamos e podemos ir mais longe. Basta nos darmos autonomia para tanto.
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