Sobre esses bichos que nos fazem pessoas melhores.

Eu sou dessa gente que adora bichos de estimação. Desde criança, não me lembro de uma só fase da vida em que não houvesse por perto um cachorro, um gato, uma família de coelhos, galinhas, duas tartarugas, peixes, passarinhos e afins.

Hoje na minha casa somos em apenas três: meu filho João, nosso cachorro Bob e eu. Três bichos que se amam, se precisam e se sustentam.

Conheço gente que declara não suportar os bichos e acha um exagero o amor de certas pessoas a seus companheiros de pelos, penas, escamas ou seja lá o que for. Quando alguém assim me pergunta o que faz o nosso cachorro, se brinca, se pula, se late muito, se urina na sala ou se estraga os pés das cadeiras, eu adoraria responder: “ele recita poesia, limpa a casa, cozinha, lava a louça, vê a novela das nove, tira o lixo e canta no karaokê.”

E quando a pessoa fizesse uma cara de espanto eu completaria:

“Mas é um péssimo cantor, desafina muito.”

Só não respondo assim porque isso levaria a nossa conversa a um lugar estranho em que eu não quero estar. Então me contento com outra resposta mais simples e direta: nosso cachorro faz de mim e do meu filho pessoas melhores.

Não é exagero, não. Cuidar do nosso amigo refina a nossa humanidade e nos põe atentos, a postos, responsáveis. Faz de nós doadores e beneficiários de um amor bonito, imenso, divertido, trabalhador. E põe trabalho nisso.

Pensando humanidade como sinônimo de compaixão, benevolência, sensibilidade, compreensão, caridade e essas coisas, os bichos são mais humanos do que muita gente que anda por aí.

Acho aqui comigo que olhá-los de perto, observar seu comportamento, seus hábitos, seu jeito e cuidá-los com calma, empenho e amor há de fazer de nós pessoas melhores. Há, sim.

Quem faz maldade aos bichinhos, quem os maltrata ou escraviza e quem os abandona à própria sorte habitam o nível mais baixo da espécie humana. São criaturas rasteiras, tacanhas, medonhas. Animais sem escrúpulos, sem empatia, sem consciência. Tão estúpidos e irracionais quanto qualquer predador ou criminoso.

Penso tudo isso durante um passeio com o nosso cachorro, eu já cansado, querendo voltar pra casa, e ele puxando a coleira como quem quer bater perna para sempre. Tenho então uma impressão ligeira feito uma bolinha colorida quicando aqui dentro: nosso amado cachorrinho é uma pessoa muito, mas muito melhor do que eu.

Imagem de capa: Dean Drobot/shutterstock

André J. Gomes

Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.

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