Fui falar com Clarice. Meu tom de voz era doce e meu sorriso era fácil. Depois fui conversar com Francisco. Meu sorriso já não era tão fácil e a ironia e o deboche se faziam notar em cada palavra que eu pronunciava. Logo encontrei com João. Ri de todas as piadas que ele contou, mesmo não tendo achado graça, pois a explicação da piada é ainda mais sem graça do que a piada em si. De repente esbarrei com Ana Júlia. Dei-lhe um abraço apertado, ouvi, impassivelmente, seus desabafos sobre a sua “vida complicada” e lhe ofereci sábios conselhos. No caminho de volta pra casa, avistei André. Rimos do nosso histórico de insucessos na vida e discutimos uma série de inutilidades, como o resultado do paredão do Big Brother Brasil. Por fim, falei com Luana. Filosofamos sobre a utopia da felicidade, discutimos temas diversos, contestamos teses, criamos outras.
Cheguei em casa, pus-me a refletir sobre os últimos acontecimentos e, intrigado com as gritantes diferenças entre as interações que tive com cada um dos meus amigos, me perguntei: Tenho transtorno de personalidade? Sou uma pessoa carente, que tenta desesperadamente agradar as pessoas? Sou alguém sem personalidade? Estou oferecendo para as pessoas uma versão editada de mim mesmo? Será que ando fazendo personagens e já nem sei ao certo quem sou eu de verdade? Poderia ser tudo isso. Considerei seriamente cada uma dessas possibilidades. Mas aí olhei para mim mesmo e, para o meu espanto, encontrei em mim cada uma daquelas pessoas que eu ofereci aos meu amigos.
Posso ser otimista, pessimista, gentil, grosseiro, entusiasmado, sarcástico, caloroso, indiferente, sagaz, extremamente inocente, sério, debochado… Depende da minha disposição, da pessoa com quem converso, das preocupações que me afligem, da Lua, do horóscopo, ou do que quer que seja…
Sim, eles todos são fragmentos heterogêneos de mim mesmo. Então tomei consciência de que sou um homem inteiro, feito aos pedaços. Achei bonito. Desde então me reservo o direito de ser múltiplo.
Imagem de capa: lassedesignen/shutterstock
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