“Meu amor não é impessoal, nem tampouco inteiramente subjetivo.” Sylvia Plath
Como ainda desconhecemos o real significado da cumplicidade? Quando perceberemos que, para garantirmos empatia, precisamos nos mover em direção ao querer comum? Somar com o outro é muito mais do que atender meras vaidades. Ainda que dispostos dos próprios anseios, o querer o bem implica compartilhar do afeto sem nada em troca, da consciência humana de simplicidade e perseverança sem pensar no adiante, mas no instante.
Fala-se do amor e dos sentimentos com propriedade de quem conhece todos os pormenores, mas, abatido pela cegueira arrogante, trata com sons os sentires que não precisam ser explicados. É querer ouvir e não praticar. E nessa dança egoísta e conservadora, julga reconhecimento do próximo numa espécie de obrigação. A cumplicidade percorre outros descaminhos. Ela deixa de ser onírica quando encarada na ponta dos lábios e nas mãos do coração. Sem sofrer de desprazeres e sem sucumbir por feridas passadas. A cumplicidade abraça o perdão.
Não obstante, o cúmplice do amor é o próprio. A mesma metade vista no colo que repara, admira e impulsiona para novos voos. Aceitar menos implica a desistência da cumplicidade, resultando assim, no furtivo desaparecimento da poesia a dois. Desafinados não reconhecem o mais. Nem do amor e muito menos da vida.