Gostei demais do filme de Rebecca Miller- O tempo de cada um- de 2003.
O filme conta a história de três mulheres às voltas com questões afetivas, e que tomam suas decisões em momentos distintos de suas vidas; porém uma cena, no primeiro episódio, impactou-me: o espancamento de uma esposa pelo marido e o terror estampado nos semblantes dos filhos menores.
Essa forte emoção levou-me a procurar entender de um modo mais profundo a violência conjugal.
Para tanto busquei o livro do terapeuta italiano, Walter Riso, Amores de Alto Risco. O autor inicia sua reflexão ques- tionando o que também busquei compreender:
Por que falhamos tanto no amor?
Por que tanta gente escolhe a pessoa errada ou se concentra em relações tão perigosas como irracionais?
Por que nos resignamos a relações dolorosas? Continuo… Por que a pessoa quando consegue romper uma relação nociva, ainda, sente-se irracionalmente culpada?
Muitos sãos os estudos que buscam um entendimento sobre essas questões e inúmeras são as tentativas de esclareci- mento das relações disfuncionais.
Walter Riso descreve vários perfis psicológicos e suas implicações para a vida a dois, pontuando características individuais, estilos de personalidade que contribuem para o estabelecimento de relações caóticas.
Há também a Teoria da Intergeracionalidade da violência a qual sustenta que quem já foi vítima de violência ou a testemunhou na infância, frequentemente, torna-se adulto agressor.
O consenso, entre todos os estudiosos, é que escolher viver uma relação sadia e agradável com alguém é sinal de saúde emocional. Não há porque acreditar e aceitar que sofrer por amor é normal.
Quem ama de verdade não maltrata verbalmente, não maltrata fisicamente e, muito menos, age com indiferença.
Quem ama de um jeito saudável não se sujeita a viver relacionamentos tóxicos, pois como diz Erick Fromm: “Amor e violência são contradições irreconciliáveis”.
Viver à sombra de um vulcão, como canta Fagner, é terrível e patológico, e a ajuda profissional é imprescindível.
No amor verdadeiro, há admiração, doçura, companheirismo e a relação conjugal é fonte de reinvenção conjunta e permanente dos cônjuges.
Imagem de capa: kitzcorner/shutterstock