Estranhos somos todos nós, cada um do seu jeito, de acordo com a sua história, a depender de suas lacunas emocionais ou calombos afetivos. Somos acometidos pelas mais variadas formas de estranhezas, na mesma medida em que apontamos com tanta facilidade as estranhezas alheias.
E, verdade seja dita, a gente vai se especializando em disfarçar o que sente, quando o que se sente não cabe bem direitinho nos padrões de normalidade. Vamos virando peritos em sublimar desejos e aspirações. E fazemos isso troca de uma aceitação pública, em troca de umas migalhinhas de afeto ou uns minutinhos de popularidade.
Eu, por exemplo, amo dias nublados. Sou apaixonada por tempestades. Detesto o Natal – e, não, eu não sou O Grinch. Falo sozinha, pergunto, respondo e discordo de mim mesma. Adoro ficar acordada no meio da noite, quando tudo é silêncio; há anos sofro de insônia porque meu relógio biológico deve ter sido fabricado no Japão. Tenho horror a rotina, não uso nem a mesma marca de sabonete duas vezes seguidas. Sonho acordada e acredito com todas as minhas forças que dizer “eu te amo” tem muito mais poder do que “vai com deus”.
E, para dizer a verdade, talvez eu não faça a menor ideia de quais são, de fato, as minhas bizarras esquisitices. Aquelas que só os outros são capazes de detectar, com seus olhares pouco indulgentes e muito afiados.
Ninguém escolhe ser esquisito. Não. Não mesmo. Mas, todo mundo é! E isso é altamente libertador, quando dito em voz alta ou escrito numa tela de papel virtual. Eu, aqui desse lado, contemplo agora seus olhos que me leem do outro lado, aí no seu lugar, no seu mundo. Nesse momento, meus olhos daqui encontram seus olhos daí e eu tenho uma coisa para te dizer “Abençoado seja o nosso direito de ser esquisito. Porque esquisitos somos todos. Só nos falta coragem para admitir e ser feliz assim, desse jeitinho!”.