Em certos momentos tudo que desejamos é um pouco de sossego e calmaria, mas, nesse turbilhão que é a vida, nem sempre é possível tê-los.
É nessa hora que entram alguns dos meus sonhos. Eles não diferem de tantos outros, alguns são piegas, utópicos e comuns, mas não abro mão deles.
Sonho com uma casinha na beira da praia em que vejo o sol nascer ao som das ondas.
Sonho com um balanço sobre o mar, pés na água, me trazendo a paz necessária para que eu possa compreender todas as inquietações da minha alma.
Sonho com um campo verdejante, sol brando na pele, ouvindo a suave melodia do vento. As vezes só quero paz, bem longe do burburinho da cidade.
Sonho com o frio da montanha e com o barulho do fogo da lareira que aquece os corpos dos enamorados.
Sonho que as minhas preocupações e ansiedades me abandonarão e, de tão leve, criarei asas e com elas não terei medo de voar.
Sonho que na minha cidade não há o som perturbador das buzinas, nem o som das histerias cotidianas, mas o doce som do sussurrar dos amantes, das risadas dos amigos e das vozes das crianças brincando nas ruas.
Sonho com o silêncio que traz a paz interior dos monastérios e não com aquele silêncio que mantido por fora grita por dentro, que perturba, angustia e faz sofrer.
Sonho com cavalos a galope, sem rumo, cuja imagem me permite apreciar o significado da palavra liberdade.
Sonho com uma vida com menos ambições desenfreadas, comparações vazias, competições desnecessárias e vaidades tolas.
Sonho com um lugar mais selvagem em que as luzes artificiais não me impeçam de ver as estrelas e que, assim, eu possa me conectar mais à natureza.
Sonho que estou numa das paisagens dos quadros de Monet ou do filme “Dreams” de Akira Kurosawa, com mais cores, poesia e beleza.
Então, eu desperto.
Alguns sonhos posso realizar, alguns são utópicos, outros não, mas e daí? A beleza da vida está justamente em não nos permitir jamais deixar de sonhar.