Imagem de capa: George Rudy/shutterstock
Tem vezes que temos absoluta certeza que estamos certos, que temos razão, que o nosso lado da história é o que faz sentido de verdade.
Estamos convictos, estamos presos a nossa própria percepção sobre aquilo que aconteceu. E quando nos sentimos donos da verdade, não retrocedemos, não pedimos desculpas, não levantamos a bandeira branca de jeito nenhum.
O problema é quando os dois lados se sentem assim, acham que estão certos, chegamos a um impasse e nada se resolve, são dois burros numa ponte, porque ninguém sai do lugar, ninguém dá o braço a torcer.
Na maioria da vezes, por causa de um mal entendido, as pessoas param de se falar. Por falta de diálogo, por falta de entendimento de ambas as partes, por falta de interpretação de texto, as pessoas se afastam umas das outras.
As pessoas falam, mas não se comunicam, ouvem, mas não escutam o que o outro tem a dizer de verdade, já ficam pensando no que irão responder, qual será a réplica, como irão se justificar.
Ficamos tão na defensiva, quando nos sentimos acusados de algo ou quando nos damos conta de que estamos errados e ao invés de simplesmente assumirmos nossa parcela de culpa, e admitirmos que estamos errados e retrocedermos, continuamos procurando culpados e apontando dedos ao nosso redor, por causa do nosso orgulho, para não darmos o braço a torcer.
Quando seria tão melhor buscarmos resolver, optamos pelo caminho mais fácil, que é nos afastar, pararmos de falar, nos distanciamos do problema e da situação.
E quase sempre o caminho que parece mais simples, menos tortuoso, que é mais conveniente pra nós, não significa que seja o melhor, o mais acertado.
Precisamos de tempos em tempos fazer aquilo que nos incomoda, aquilo que nos tira da nossa conveniência, aquilo que nos tira do lugar que já conhecemos, seguir pela porta mais estreita.
Quando damos um passo atrás em relação ao problema, observamos que o outro também tem seus motivos para estar chateado, que o outro tem suas próprias justificativas pra achar que está com a razão.
Quando colocamos o nosso orgulho de lado, quando nos desarmamos e nos colocamos no lugar do outro, podemos ver as coisas mais claramente, de forma cristalina.
Conseguimos nos dar conta que não existe uma verdade absoluta, o que existe são versões do mesmo fato, perspectiva diferentes de vida, visões antagônicas de um mesmo acontecido.
E quando baixamos a guarda e nos permitirmos ouvir o lado do outro, o que o outro lado tem a dizer, podemos nos surpreender e perceber que podemos ter agido errado também, que machucamos o outro sem querer e que o outro tem um fundo de verdade para estar aborrecido.
Quando caímos na real e entendemos que não estamos sempre certos, que não somos perfeitos, que podemos agir mal também sem termos a intenção de sê-lo, abrimos a guarda e deixamos o outro entrar, o outro voltar e damos a chance de começarmos de novo.