Marcel Camargo

Substituir pessoas sem curar o coração não é seguir em frente, mas sim trocar de problema

Quantos de nós, na ânsia de curar um coração em pedaços, não nos lançamos a um novo relacionamento? Infelizmente, a máxima do curar um amor com outro amor nem sempre vale para todo mundo, da mesma forma. Entregar-se a um novo parceiro, sem ter se recomposto dos cacos deixados pelo anterior, raramente pode dar certo, porque amor requer inteireza e integralidade, coisas que almas feridas ainda não estão prontas para ofertar.

Qualquer rompimento nos deixa machucados, seja quando fomos nós quem tomou a decisão de romper, seja quando o outro vai embora à nossa revelia. Sempre nos resta uma carga pesada de derrota e de culpa, após nos separarmos de alguém, o que nos torna mais vulneráveis a tomar decisões erradas. É difícil acertar lá fora, quando aqui dentro tudo parece ruir, porque, nessas horas, geralmente estaremos agindo puramente com a emoção.

Tomar atitudes levadas tão somente pelo sentimento de revide implica querer machucar o outro, para que ninguém perceba o quão miseráveis nos sentimos internamente. Revidar não dá certo, porque nada do que fizermos no calor das emoções, sem ter posto os sentidos em ordem, será coerente o bastante e poderá nos ajudar de alguma forma. Qualquer ação que se valha de rancor trará somente dor a todos os envolvidos.

Fato é que iniciarmos um novo relacionamento apenas para dar satisfações aos outros a respeito daquilo que nem é uma certeza dentro de nós muito provavelmente não nos trará os resultados esperados. Pior ainda, poderemos estar brincando com os sentimentos de alguém que não tem nada a ver com nossas pendências emocionais. Ninguém merece ser usado dessa forma, como estepe de luxo ou troféu de vitrine.

Os problemas nos acompanharão aonde formos, onde e com quem estivermos, ou seja, sem colocarmos um ponto final no que aconteceu, nada do que então vier poderá ser tido como um verdadeiro recomeço. Recomeçar requer uma alma leve e livre, sem pendências, sem rusgas, isenta de dores acumuladas, porque o novo sempre vem, mas vem para quem realmente resolveu seguir de coração aberto, tendo deixado lá atrás o que não tem mais jeito.

Imagem de capa: 8th.creator/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

Recent Posts

Mãe expõe áudios de filha que foi abandonada pelo pai: “Nunca te fiz mal, pai”

Em mensagens de cortar o coração, a menina deixa evidente a falta que o pai…

5 horas ago

Mulher que teve experiência de quase morte detalha visão assustadora que teve ao ‘deixar seu corpo’

Cirurgia radical levou paciente ao estado de morte clínica, revelando relatos precisos de uma “vida…

7 horas ago

Agnaldo Rayol falece de forma trágica aos 86 anos e deixa legado na música brasileira

O cantor Agnaldo Rayol, uma das vozes mais emblemáticas da música brasileira, faleceu nesta segunda-feira,…

1 dia ago

Padre causa polêmica ao dizer que usar biquíni é “pecado mortal”

Uma recente declaração de um padre sobre o uso de biquínis gerou um acalorado debate…

1 dia ago

A triste história real por trás da série ‘Os Quatro da Candelária’

A minissérie brasileira que atingiu o primeiro lugar no TOP 10 da Netflix retrata um…

1 dia ago

Você sente “ciúme retroativo”? Ele pode arruinar as relações

O ciúme retroativo é uma forma específica e intensa de ciúme que pode prejudicar seriamente…

3 dias ago