Sabe, às vezes a gente só precisa de um abraço apertado, de alguém que acredite na gente, que olhe nos nossos olhos e nos faça acreditar que somos mais fortes, que somos capazes de nos superar e que a vida pode ser muito mais do que acreditamos que ela possa ser.
Infelizmente, as pessoas que carregam essa divindade estão escassas e, assim, temos vivido em um tempo de desencontros.
O poetinha dizia que: “A vida é arte do encontro. Embora haja tanto desencontro pela vida”. É estranho como vivemos de forma tão isolada, sendo estranhos que coabitam o mesmo espaço, embora, saibamos quão dura a vida é, sobretudo, quando não se tem alguém para nos ajudar nos momentos mais difíceis.
Por mais durões que sejamos, uma hora as circunstâncias da vida são mais fortes do que possamos controlar e, então, tudo desaba sobre nós, sem que tenhamos tempo sequer para conseguir amenizar os danos que sofreremos com todo o peso que caíra de uma vez em nossos ombros.
Nessas horas é extremamente difícil e ao mesmo tempo triste enfrentar tudo sozinho, de tal modo que ter alguém que possa erguer os braços e nos ajudar a levantar é uma dádiva e uma demonstração da humanidade, que nesses momentos, sinceramente, desaparecem de nós, bem como, a esperança de que possamos sair da depressão que nos encontramos.
Essa mão que nos ajuda a levantar é a mesma que nos traz para perto, nos abraça e olhando em nossos olhos, diz baixinho que tudo ficará bem, porque não estamos sozinhos. Mas, a verdade é que temos preferido viver afastados, porque pensamos que amar alguém que não seja nós mesmos é trabalhoso demais. E quem disse que deve ser fácil?
A vida é sempre dolorosa por si só e mais ainda quando olhamos para o lado e não vemos outras mãos junto às nossas, porque a vida é um caminhar de mãos dadas, para que possamos nos ajudar, porque mesmo quando não caímos, sabemos o que é a queda e o quanto esta é pesada.
Talvez seja difícil perceber que o outro também chora, porque estamos encouraçados pelo egoísmo, mas ele chora, sangra e precisa de ajuda, do mesmo modo que precisamos quando a vida parece não fazer sentido algum, quando tudo dá errado ou quando praguejamos os deuses, porque parece que eles existem apenas para nos ferrar.
Eu sei que você sabe o que é isso, porque eu também sei. Sei que existem noites tão escuras e frias que parecem que não vão acabar nunca. Sei o quanto é difícil enfrentá-las sem ter sequer um cobertor. Assim como, elas se tornam menos sombrias quando temos alguém disposto a oferecer o seu cobertor apenas para que possamos nos sentir mais fortes e capazes de atravessar o vale sombrio.
Como disse, às vezes a gente só precisa de um abraço apertado, porque o mundo para dentro de um abraço, e nesse instante de paz, conseguimos ouvir cuidadosamente cada batida de um coração que mesmo não sendo nosso, bate como se fosse nosso, bate em lugar do nosso, bate pelo nosso.
Nesse instante, somos mais fortes e sabemos que podemos ir a qualquer lugar, porque deixamos de existir apenas em nós, para existir em outro eu. E, no fim das contas, todos nós nos tornamos mais fortes, já que feliz de quem tendo água, pode dar de beber a quem tem sede, pois esta pertence ao homem e mais cedo ou mais tarde, todos a sentiremos e não tendo água, quereremos alguém que a tendo, mate a nossa sede.
Porque sucesso mesmo nessa vida é poder erguer os braços e entre eles ser a ajuda que alguém precisa ou, como disse Emerson, é:
“Saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu”.