Em entrevista recente à Vogue, a atriz Taís Araújo compartilhou um episódio delicado e revelador sobre o racismo que ainda persiste no cotidiano de famílias negras no Brasil — mesmo entre aquelas mais conhecidas do país.
Segundo Taís, seu filho, João Vicente, de 14 anos, foi abordado por um policial enquanto andava de bicicleta com um amigo, dentro de um condomínio. O agente questionou se os dois adolescentes eram realmente moradores do local. Ambos são negros.
O episódio, embora breve, escancara um problema estrutural: a desconfiança dirigida a corpos negros em espaços considerados “privilegiados”. João Vicente é filho de dois dos atores mais renomados do Brasil — Taís Araújo e Lázaro Ramos —, mas isso não o isenta de passar por situações de constrangimento como essa.
“Minha vida é pedir que o João Vicente não saia desarrumado na rua. Estou evitando um trauma”, relatou a atriz. Taís contou que tem conversas frequentes com o filho sobre como se portar em espaços públicos, não por uma questão estética, mas por segurança.
Ela explicou que o adolescente costuma retrucar. “Até parece. Roupa não significa nada, não determina se a pessoa é boa ou não”, teria dito João. Taís reconhece a validade do argumento do filho, mas pondera que, na prática, a realidade ainda impõe outro tipo de lógica — muito mais dura.
O relato reforça a importância do diálogo familiar sobre racismo e revela como, mesmo em 2025, famílias negras ainda precisam lidar com o medo de que seus filhos sejam julgados ou tratados de forma injusta apenas por sua aparência.
Para Taís e Lázaro, o combate ao racismo começa dentro de casa, com orientações e conversas francas. Mas o episódio também evidencia que a mudança precisa ser estrutural, partindo da sociedade como um todo — de dentro dos condomínios à atuação da polícia.
