O pessimismo vem tomando conta de mim. Não tem nada a ver com fé em algo maior e nem com o tapar os olhos para coisas boas, para as inúmeras belezas que habitam por aí. É mais sobre perceber que esse tempo de reclusão está descompensado mais do que somando.
Eu sinceramente não vejo o senso coletivo melhorando quando tudo isso passar. Pelo contrário, talvez fiquemos pior do que entramos. Ou talvez mais verdadeiros, e sendo verdadeiros, acabamos por mostrar que a nossa essência é tão triste e hipócrita que sequer tínhamos noção – ou que fingimos muito bem. Mas por que essa linha de raciocínio? Porque o emocional está flertando fortemente com esse tipo de ausência.
O isolamento vivido agora está escancarando o quanto somos seletivos e atendemos aos principais comportamentos individualistas. A saúde é uma preocupação individual. A empatia é um sentimento individual. A generosidade é um sentimento individual. O amor é um sonho individual. Só se preocupa com a saúde quem quer. Só se empático com quem se importa. Só se é generoso com quem se ganha algo em troca. Só se sonha com o amor possessivo. Toda essa distorção e distração bizarra tornam o pessimismo uma realidade dolorida.
Estamos criticando quem ajuda – uma hora porque é noticiado e dizemos que é ego e outrora porque nunca ajudou antes e resolveu ajudar agora, então só podem existir motivos sombrios por trás. O mundo está definhando e a gente critica ajuda e empatia. Ao mesmo tempo, estamos aplaudindo discursos vazios e vivendo na imaginação fantasiosa das transmissões irresponsáveis que vendem mais do que inspiram e acrescentam. Mergulhamos de cabeça nas atrocidades em exposição, indo em total contrasenso das pessoas e instituições que são especializadas e dedicaram vidas de estudo e pesquisa para analisarem possíveis panoramas. São por descontroles e até escolhas assim que o otimismo não me interessa.
Não adianta dizermos que seremos pessoas melhores depois, quando agora somos piores.
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