Imagem de capa: Veles Studio, Shutterstock
Não sejamos hipócritas: aparência importa sim! Importa em uma apresentação de trabalho, importa na vida social, importa para a autoestima e importa até, no primeiro encontro com aquela pessoa que você quer sair há séculos.
Sem contar que a aparência diz muito sobre quem somos e revela traços marcantes da nossa personalidade. Mas, chega uma hora em que é necessário mostrar além da beleza física. É necessário que outras qualidades como inteligência, senso de humor e generosidade venham à tona e deixem explícito quem, realmente, somos.
Entrar em uma calça 38 é mágico! Sentimo-nos as próprias mulheres maravilhas (sem o cinturão e o poder de voar). Mario Quintana tinha até um jeito irônico de dizer que a beleza física é tão importante quanto à interior: “dizes que a beleza não é nada? Imagina um hipopótamo com alma de anjo… Sim, ele poderá convencer os outros de sua angelitude – mas que trabalheira!” Não há como discordar. Claro que o ser humano é formado por um conjunto de qualidades que o tornam belo e isso envolve o físico, o interior e suas atitudes.
Chamar a atenção pela beleza externa é bom, mas você já experimentou encantar as pessoas com sua inteligência e com seu bom humor? Já sentiu a sensação de ser admirada por ser, simplesmente, você? Não tem silicone, bronzeamento a jato e 50 kgs cravados em uma balança que superem o prazer de uma boa conversa. Pessoas bem humoradas são agradáveis , inteligentes e estar perto delas é, no mínimo, apaixonante. José Ortega y Gasset dizia que “a beleza que seduz poucas vezes coincide com a beleza que faz apaixonar.”
Lembra da famosa frase de Antoine de Saint-Exupéry, em “O Pequeno Príncipe”: “Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos?” Então, não são os olhos que devem se lembrar da sua verdadeira beleza, é a alma. Pessoas bem resolvidas demonstram coerência entre aparência e essência e deixam isso explícito em suas atitudes diárias.
Claro que é importante cuidar da saúde e ficar atento a ela, mas cuidar da mente e do autocontrole emocional é tão importantes quanto. Karl Marx dizia que “se a aparência e a essência das coisas coincidissem, a ciência seria desnecessária.” Seu currículo pode ser invejado e a Apple e a Microsoft podem ser suas referências profissionais, mas se você desconhecer as palavras ética, caráter e humildade, sua reputação estará condenada a afundar mais rápido que uma âncora jogada ao mar.
Mesmo com os valores invertidos na sociedade, o “ter” jamais terá mais valor que o “ser”. Não importa se você tem o título de Miss Universo, o corpo mais definido que uma fisiculturista e toma mais Whey do que água. As pessoas não ligam para isso. Elas se importam com a forma como você as trata. As pessoas lembrarão de você pela generosidade que pratica, pela bondade que carrega dentro de peito e pelo sentimento que despertou nelas, seja bom ou ruim.
Nada contra gente sarada. Acho lindo (confesso que até queria ter aquele gominhos no abdômen)! Mas queremos gente sarada por dentro e por fora. Dessas que comem batata doce e batata frita. Que tomam suco verde, mas que não tentam convencer o outro de que é a melhor coisa do mundo. Que entrem em suas calças 38, mas que respeitem as nossas calças 44. Que chorem fazendo seus abdominais, mas riam com nossas piadas nos finais de semana. Gente que aparenta ser bonita por fora e que é maravilhosa por dentro.
Sabe, bonito mesmo é cumprimentar o senhor que busca as latinhas na rua da sua casa pelo nome. É sair para correr e levar água para os cachorrinhos de rua. É deixar mais leve a vida de quem carrega mais peso que você na academia, distribuindo amor, carinho e atenção. É deixar o narcisismo de lado e ser mais humilde.
Pele enruga, cabelo cai, corpo muda. O que fica mesmo é o bem que você fez para quem nunca pode te retribuir. Como dizia Nelson Rodrigues: “Ser bonita não interessa, seja interessante…”