Pois não é que no amor, assim como tudo na vida, nem tudo acontece do jeito que a gente quer, na hora em que se quer? Não tem jeito. É preciso saber esperar.
Mas Deus é bom, o amor é lindo e lá pelas tantas, no meio de uma briga de rua, no último instante tenso de uma prova cruel, na hora mais dura da angústia, num segundo triste do fim da tarde, numa noite de insônia, alguém lá em cima mexe os pauzinhos, um anjo tropeça no outro, a lua rodopia e aqui dentro da gente acende um sentimento franco de bem querença.
Começa mansinho como alívio sutil, sinal de melhora, boa notícia, alegria acenando de longe, fagulha de sonho. Então vai crescendo desaforado, impetuoso, desinibido, espalhando feito fogo no mato seco. E desemboca numa esperança honesta: o amor está de volta!
Ele sempre vem. Para os que respeitam o tempo sagrado da espera, o amor retorna melhor do que antes. Mais forte, mais bonito, mais maduro do que quando se foi sem mais.
Volta na forma de uma promessa atendida, um pedido realizado, uma lembrança boa, um convite insuspeitado. Assim, do nada, o amor ressurge na franqueza da primeira hora do fim de semana. Na sensação do dever cumprido, no suor do serviço bem feito. Na saudade de quem partiu um dia e um dia há de voltar. O amor recomeça para quem suporta sua espera.
Saber esperá-lo não é sentar e olhar o céu para sempre, aguardar as nuvens se abrirem e o ser amado surgir escorregando no arco-íris depois da chuva. Na espera laboriosa dos amantes vive uma disposição grandiosa para o trabalho, uma decisão inflexível de levar a vida adiante. Um ímpeto certeiro de que a espera também se faz de movimento.
Aos amantes, paciência nunca foi conformismo. É o exercício de andar no caminho do tempo. É a arte de se tornar digno de bons sentimentos. De aprender a gostar de si mesmo para estender esse amor ao outro quando tiver de ser. E aos que têm a paciência do amor, o que não for agora será depois. Definitivamente, amar é a arte da espera.
Não tenhamos pressa. Tenhamos fé. O amor tarda mas não falta a quem sabe esperá-lo, a quem se mantém no caminho. Porque o amor, ahh… o amor sempre volta e nos encontra no caminho.
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