O foco é um assunto que a cada dia é mais valorizado. No entanto, quero nesse texto lhe levar a refletir sobre um ponto no qual milhares de pessoas têm dúvidas, que são os múltiplos interesses. O que acontece se eu me interesso por áreas diferentes ao mesmo tempo e de alguma forma quero trabalhar nelas?
Respondo de imediato: você pode sim fazer isso, e saiba que essa atitude está longe de representar falta de foco.
A definição de foco vem da Física e, na realidade, é bastante compreensível essa dúvida, pois o foco é justamente direcionar raios de luz num único ponto, tipo o que acontece com uma lupa, que concentra a luz do sol num único ponto se você assim o fizer.
O que considero mais importante e que muitas vezes não é levado em consideração é o que chamo de estado de presença. O verdadeiro foco nada mais é do que o estado de presença. Significa eu estar 100% envolvido com o que estou fazendo no momento presente, no aqui e agora. Inclusive existe um termo que se popularizou e se refere a isso, chamado “Mindfulness”, termo do inglês que significa “atenção plena”.
Se eu consigo desenvolver essa atenção plena ao momento presente, isso me dá a possibilidade de trabalhar em áreas bem distintas e ser muito bom em cada uma delas. Nessa hora sempre me lembro de uma estorinha Zen bastante conhecida que conta a conversa entre dois discípulos a respeito de seus mestres.
O primeiro diz: “Meu mestre é incrível. Ele tem o poder de passar dias sem se alimentar ou tomar água. Ele desenvolveu a bilocação. Sabe prever quando acontecerão eventos catastróficos, ou seja, premonição, entre outras coisas…”.
O outro ouve com atenção e diz: “Bacana! Meu mestre não tem nenhum desses poderes. Ele só me ensinou uma coisa e vive plenamente esse ensinamento. Quando ele dorme ele dorme, quando toma banho ele toma banho, quando se alimenta ele apenas se alimenta, quando medita ele apenas medita etc…”.
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O que o 2º mestre ensinou é o caminho para a plenitude. De nada importa aprender as coisas difíceis do 1º mestre e não ter esse estado de presença.
Sei que estou longe de alcançar a maestria citada nessa história, mas eu me inspiro demais nela no meu dia a dia. Quando estou escrevendo um texto, coloco toda minha atenção nele. Quando estou lendo me afasto de todas as distrações possíveis, principalmente o tal do celular, que faço questão de desligar o wifi. Quando estou em sala de aula ensinando, nem passa pela minha cabeça o que farei depois, ou no dia seguinte. Quando estou fazendo atividades físicas nem sequer levo o celular comigo para evitar distrações etc.
As áreas que tenho interesse são bem diversas. Eu consigo me dedicar a elas e nem por isso perco o foco, ou sou visto como alguém disperso, ou que não sabe o que quer. Sou professor de Física e Matemática, porém em alguns horários atendo em clínica como Psicanalista, além de escrever no meu blog e ainda estudar Filosofia num curso noturno.
Esse texto se destina acima de tudo aos leitores que ainda possuem essa crença limitante de que só podem fazer uma coisa e se dedicar 100% a essa única coisa. Foi-se o tempo que em era assim.
Você sabia que essa crença é ancestral? Nas antigas civilizações os homens e as mulheres tinham tarefas bem definidas. De modo geral os homens eram os provedores, ou seja, conseguiam os recursos para o sustento da família, enquanto as mulheres eram as cuidadoras, tanto da casa quanto dos filhos.
Estamos no século XXI, no final de 2019. Tudo isso mudou, inclusive é comum famílias nas quais o homem tem mais tempo em casa e cuida das crianças enquanto a mãe delas passa quase o dia todo fora. Ou você nunca ouviu falar disso?
Portanto, se você gosta de áreas diferentes, pensa em se dedicar a elas e gostaria de trabalhar com duas, três, quatro coisas. Vá em frente! Isso não significa falta de foco, isso significa que você tem amplos interesses.
Só reforço o que disse anteriormente, o verdadeiro foco é estar plenamente no aqui e agora, fazendo cada atividade com plena atenção…
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Photo by Bahaa A. Shawqi from Pexels
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