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E foi crescendo, a cada toque e sabor, uma tempestade. Os lençóis arremessados, as roupas caoticamente distribuídas pelo chão e, como se não bastasse, melodias distintas podiam ser identificadas além das paredes. Fora feito um templo dionisíaco, onde, no mais tardar das horas, eclodiria a síntese daquilo que chamamos de amor. Mas era tesão, também. Porque sem esse tremor do lado de fora, o que fica dentro não aquece.
Digam o que quiserem, mas entre quartos silenciosos e janelas acinzentadas, existe tanta vida para dois corpos do que numa multidão eufórica à luz do dia. Trata-se da intimidade no seu mais puro consentimento. Não é para qualquer um, certamente. Construir essa aproximação excitante demanda, não apenas tempo, mas uma entrega desgovernada. Começa com carinhos amenos. Mãos sobrepostas, respirações tranquilas e olhares serenos. Conforme os sentidos ganham intensidade, lábios são tocados, odores reconhecidos e, não muito depois, paladares expostos.
Relacionamentos regidos por doses desmedidas de desprendimentos. Não há tabus, receios e possíveis morais para o transcorrer do acontecimento. Apenas sinestesia que não desafina, impede ou amedronta. Descrevo sobre confiança. É a cumplicidade pedindo passagem e carregando a sinceridade no colo, com ternura e um pouco de sacanagem.
Após intensos goles de prazer, o êxtase natural. Ofegantes, exalaram satisfação pela metamorfose ocorrida. Saúdam ambos. Com as pernas trocadas, os braços confundidos e os dedos desenhando na superfície da pele, curvam-se aos céus – e nem precisariam. Afinal, a libido dançou a noite inteira vestida de amor.