Nós aprendemos ao longo da vida uma série de conceitos errados, de preconceitos, ou muitas vezes fantasias completas, que precisam ser refletidas com carinho e profundidade. Muitos desses conceitos, inclusive, precisam ser questionados.
Há certo tempo queria escrever sobre um ponto específico sobre relacionamentos amorosos, mas não me vinha a devida inspiração. Ela me veio a partir das belíssimas palavras do místico oriental Osho. Trata-se da velha concepção de quase todas as pessoas em dizerem que “tal relacionamento não deu certo” porque o mesmo chegou ao fim. Eu discordo absolutamente dessa ideia e você vai entender o porquê.
Vamos às suas palavras?
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“Quando você vive infeliz, logo se habitua à infelicidade. Nunca, nem por um momento, a pessoa deveria tolerar a infelicidade. Pode ter sido bom e prazeroso viver com um homem no passado, mas, se não for mais prazeroso, então você precisa se separar. E não há necessidade de ficar com raiva, ser destrutivo ou carregar ressentimentos, porque nada pode ser feito em relação ao amor. O amor é como uma brisa. Você percebe… ele simplesmente vem. Se ele existe, ele existe. Então, ele vai embora. E, quando ele se vai, não há nada a fazer. O amor é um mistério; não se pode manipulá-lo. O amor não deveria ser manipulado, não deveria ser legalizado, não deveria ser forçado – por nenhuma razão.”
Osho
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Infelizmente, apesar de lindíssimas e verdadeiras essas palavras do Osho, são pouquíssimas, quase inexistentes as pessoas que colocam em prática na própria vida essa visão mais transcendente do amor.
O amor vem e vai como uma brisa, o amor flui, é fluídico, não é estático. Inclusive, só para você ter ideia do quanto nossos valores são invertidos, muitos casais dizem essa frase: “Nosso amor é forte como uma rocha…”. Como assim? Então o amor de vocês é duro? É imutável? É resistente? É áspero?
Percebe a incoerência aí?
Seria muito mais bonito dizer: “Nosso amor é puro e simples como o voar de uma borboleta…”.
“Nosso amor é compreensivo, é fluido, é flexível, é mutável, é transformador, como as águas correntes de um rio…”.
Mas quem pensa assim? E menos ainda? Quem vivencia isso? Essa é a qualidade de amor daqueles que buscam a MEDITAÇÃO, daqueles que querem transcender a matéria, transcender o EGO, o lado puramente carnal e materialista e levar esse amor para um outro nível, onde não haja prisões, onde você não queira controlar o outro, onde você o deixe livre para ser o que quiser, e se quiser voar para novos horizontes, que vá e seja feliz.
Quem ama profundamente só pensa na FELICIDADE, primeiramente de si mesmo, em seguida, do outro. Se eu sou feliz ao seu lado e a recíproca é verdadeira, maravilha! Esse relacionamento é um pedacinho do céu aqui mesmo na Terra. Mas se um dos dois ou mesmo os dois estão infelizes, isso deixou de ser um relacionamento há muito tempo e passou a ser uma conveniência, passou a ser uma acomodação, passou a ser aquela velha máxima “mas relacionamento é assim mesmo…”.
Não! Não existe essa de “é assim mesmo…”. Sempre que alguém fala algo do tipo está querendo racionalizar a própria infelicidade e justificar o injustificável.
É como nos diz a querida Jetsumna Tenzin Palmo com sua imensa sabedoria
O apego diz: “Eu te amo, por isso eu quero que você me faça feliz.”
E o amor genuíno diz: “Eu te amo, por isso quero que você seja feliz. Se isso me incluir, ótimo! Se não me incluir, eu quero a sua felicidade.”
* Sugestão de leitura: Precisamos nutrir o amor genuíno
Voltando à questão levantada! O que eu penso sobre um relacionamento ter dado certo ou não é bem diferente do que a maior parte das pessoas pensa.
Para mim: TODO RELACIONAMENTO SEMPRE DÁ CERTO
Não importa se ele dura a vida inteira, 50 anos, 5 anos ou apenas 5 meses. Sempre dá certo porque o outro sempre vai me ensinar alguma coisa, sempre vai me mostrar algo das minhas próprias sombras que precisa emergir para que eu as integre ao meu ser, e assim possa me aperfeiçoar como ser humano.
Você vem e me fala: “Tal relacionamento não deu certo…”, mas esquece que depois dele algo dentro de si mudou.
Uma raiva imensa que sentia se tornou um pouco menor…
Um ciúme doentio que existia se tornou um pouco menor…
Uma vontade de mandar e controlar o outro que era forte se tornou um pouco menor…
Uma arrogância de querer estar sempre certo que existia e com o término do relacionamento fez você entender que não é assim que as coisas funcionam…
O foco absurdo pelo trabalho foi diminuído porque agora você entende a importância de passar um tempo cultivando o relacionamento…
etc etc etc…
E agora você vem me dizer que esse relacionamento não deu certo só porque ele chegou ao fim? Percebe?
Nós precisamos colocar no fundo da nossa mente que nada dura pra sempre, mas que as sementes de amor que a gente plantou ficarão para sempre no outro, e as sementes de amor que o outro plantou na gente também ficarão para sempre.
Enfim! Há muito mais a ser refletido sobre isso, mas acredito que com essas palavras já tenha despertado em você diversos questionamentos.
Para concluir, compartilho uma das músicas que a meu ver, melhor falam sobre essa temática, uma música dos Titãs lindíssima chamada “Por que eu sei que é amor…”, que certamente foi inspirada nas vivências do Sérgio Brito e Paulo Miklos, e também no lindo e famoso soneto de fidelidade de Vinicius de Moraes.
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes
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