Todos os anos a Primavera vem

A Paineira que vejo da minha janela e que fotografo da minha calçada
se mostra ainda frondosa nas extremidades, florida
num rosa vivaz e com algumas folhas verdes

Assim como suas raízes continuam
firmes na terra, plantadas ao solo

No entanto,
tendo sofrido com a seca
no Verão
E por estar no Outono, essa transição entre a estação do calor e a do frio
Se adapta

Já perde algumas flores, aos poucos ficarão todas murchas e secas e irão cair

É necessário, pois assim terá mais energia para sobreviver ao Inverno
até mesmo às mais baixas temperaturas que possam ocasionar geada ou neve

E quando então tudo outra vez passar, estará forte
Poderá outra vez florir
Dar continuidade ao ciclo da vida, primaverar

Pois assim tu, eu , nós estamos com os pés bem firmes no chão que nos dão sustentação como raízes de uma árvore

E com a copa, a cabeça, nossa mente, em rosa amor e verde esperança

E embora o corpo dê alguns sinais de cansaço, sabemos que a base firme e a mente sábia nos sustentarão

Sim, mesmo que caiam as flores e as folhas …

Mesmo que fiquemos prostrados, tristes como uma paineira contra o céu cinza apenas com seus galhos desnudos a suportar o frio

Então quando tudo passar, irá outra vez ter flores
Iremos outra vez brotar, ter folhas verdes e florescer

Porque todos anos ela sempre vem,
todos os anos a Primavera vem.

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Apontamentos, Caderno de Março 2020







Rejane Dockhorn estudou Letras Português/Alemão em São Leopoldo, na Unisinos. Pós Graduação em Literatura Alemã na mesma Universidade, onde também atuou como docente. Cursou por um ano a Universidade Trier, Alemanha. Atualmente mora em Porto Alegre. e prepara o seu primeiro livro solo que publicará em breve.