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Trieste, a cidade do café

Por María Beatriz Valdívia

A poucos quilômetros da divisa com a Eslovênia, Trieste é uma ponte entre a Europa ocidental e a centro-meridional e mistura caráteres mediterrâneos e centro-europeus.
Importante nó ferroviário e principal escoadouro marítimo do Império dos Habsburgo. Hoje é um nó internacional para o fluxo de mercadorias entre a Europa centro-oriental e a Ásia.
Em 2013 foi o primeiro porto italiano em termos de volume de mercadorias em trânsito, é uma das cidades com melhor qualidade de vida do país.
Seu clima é mediterrâneo, porém sem temperaturas extremas, no litoral. O vento Bora representa um fenômeno característico, com ráfagas breves mas intensas que podem superar os 180 km/h.

Golfo de Trieste

História

Inicialmente foi habitada por povos indoeuropeus, mais tarde começou o processo de romanização e assimilação. Com a queda do Império romano de ocidente, Trieste passou sob o controle do Império Bizantino até a chegada dos francos. No século XII virou Comuna Livre e conservou sua autonomia, até o século XVII. Em 1719 transformou-se em porto franco e consolidou uma fisionomia urbana particular, fortemente cosmopolita, plurilingue e plurireligiosa. No século XVIII o triestino substituiu o antigo dialeto local e atualmente é o idioma mais usado no âmbito familiar e em inúmeros contextos sociais formais e informais, consolidando-se em situação de diglossia com o italiano, língua administrativa e principal veículo de comunicação no âmbito público.

No período entre as duas guerras mundiais diminuíram a atividade portuária, a comercial e a financeira. A cidade perdeu a sua autonomia comunal e mudou sua configuração linguística e cultural. Com a chegada do fascismo proibiu-se o uso público do esloveno e do alemão e fecharam-se escolas e círculos culturais da comunidade eslovena.
Em 1943 a Alemanha ocupou a cidade e posteriormente o fizeram os iugoslavos, mas com o tratado de Paris (1947) ficou sob a proteção das Nações Unidas.
Com o Memorando de Londres (1954) voltou à Itália em forma temporária e pouco depois definitivamente.

Evolução demográfica

Em meados do século XVIII e até começos do século XX houve um extraordinário desenvolvimento econômico acompanhado de um notável crescimento demográfico. No final da primeira guerra mundial e com a anexação ao território italiano, as grandes mudanças geopolíticas provocaram o declínio da cidade e do seu porto. Acabada a segunda guerra mundial, muitos italianos migraram a Trieste, provocando transformações no tecido urbano. Porém, a partir de 1954, motivos políticos e sociais levaram mais de 20.000 triestinos a emigrar para a Austrália, o Canadá e a América do Sul. Na última década a redução da população foi menos marcada, graças à chegada de imigrantes da Europa oriental. Atualmente existem, junto com as populações autóctones italiana e eslovena, grupos minoritários de croatas, sérvios, gregos e alemães, além de árabes, romenos, albaneses, chineses, africanos e sul-americanos.

A Universidade de Trieste foi fundada em 1924 e adquiriu um grande prestígio. Abriga inúmeras organizações científicas internacionais e o principal parque científico italiano e atrai a cada ano milhares de estudantes do mundo inteiro. O ambiente cultural centro-europeu e a singular história de Trieste favoreceram a consolidação de escritores locais e a chegada de judeus, alemães, ingleses, eslovenos, franceses e espanhóis.

Economia

 

Tram de Opcina, Trieste by markogts
Porto

A produção de vinho foi sempre muito importante e uma prova disso é o Prosecco, conhecido internacionalmente.
As atividades comerciais e industriais estão ligadas ao porto.

No setor industrial, destacam-se a indústria metalúrgica e a naval. A Wärtsilä Italia é a maior produtora de motores navais da Europa e o grupo Fincantieri é líder mundial na construção de cruzeiros. Ambas têm sua casa matriz em Trieste, junto com a Italia Marittima, uma das companhias de navegação mais antigas do mundo.

A cidade sedia também companhias de seguros fundadas no período dos Habsburgos, além dos laboratórios da Alcatel e da Telit. No setor alimentar há importantes sociedades como a produtora de café Illy.

Porto Trieste conta com um porto de grandes dimensões que representa o principal acesso marítimo dos produtos turcos na Europa. Resulta relevante, além do comércio do café, o terminal petrolífero. Quanto ao movimento de passageiros, a cada ano a atividade dos cruzeiros leva mais de 100.000 passageiros.

Trieste durante la regata Barcolana vista dal faro della Vittoria

Cafés históricos

Fazem parte da identidade de Trieste, os primeiros abriram na segunda metade do século XVII e assumiram na hora um toque vienês na decoração e nos serviços oferecidos.

Destacam-se:

Caffè Tommaseo

Inaugurado em 1830 é o mais antigo da cidade e seu nome homenageia o escritor e patriota dálmata Tommaseo.

Os espelhos foram levados da Bélgica.

O local se tornou rapidamente um ponto de encontro privilegiado para artistas, homens de negócios e políticos.

Caffè degli Specchi

Inaugurado em 1839, localiza-se na atual Piazza dell’Unità d’Italia, no coração da cidade, num lugar privilegiado para acompanhar todos os eventos políticos, econômicos e culturais.

Estátua em homenagem a James Joyce

Caffè Tergesteo

Com vidraças coloridas que apresentam fatos marcantes da história da cidade.

Caffè Stella Polare

Ao lado da igreja serbo-ortodoxa e próximo da Piazza della Repubblica, nasceu como um típico local austro-húngaro e foi refúgio de negociantes e intelectuais.

Caffè San Marco

Aberto em 1914 virou lugar de encontro de leitores dos quotidianos e laboratório para a preparação de passaportes falsos a fim de que o patriotas anti-austríacos pudessem fugir à Itália.

Transformou-se em lugar de encontro de intelectuais como James Joyce, Umberto Saba e Italo Svevo.

Vídeo de apresentação da cidade

Fontes:Wikipedia, Trieste Coffee Cluster, Trieste, Turismo FGV IT

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María Beatriz Valdívia

Professora de francês e português, trabalha com grupos de estudantes a partir dos 16 anos em cursos abertos à comunidade. Acredita que a atividade docente, a interação com os alunos e as amizades conquistadas ampliam horizontes e alimentam sonhos. Escreve sobre sua terra natal, a Argentina, assim como sobre tudo o que tenha a ver com desenho, pintura, viagens e literatura, temas que permitem conhecer e compreender outros jeitos de ser e viver, outros olhares.

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María Beatriz Valdivia

Professora de francês e português, trabalha com grupos de estudantes a partir dos 16 anos em cursos abertos à comunidade. Acredita que a atividade docente, a interação com os alunos e as amizades conquistadas ampliam horizontes e alimentam sonhos. Escreve sobre sua terra natal, a Argentina, assim como sobre tudo o que tenha a ver com desenho, pintura, viagens e literatura, temas que permitem conhecer e compreender outros jeitos de ser e viver, outros olhares.

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