Gosto de ter gente ao meu redor. Gosto de estar em contato com diferentes pessoas e de passar um tempo aproveitando a vida. Gosto, inclusive, dos porres e interações com estranhos. Mas, de uns tempos pra cá, a solidão me cai bem. E acho importante assumir isso.
Não sei se é a época do ano ou os dias confusos em que vivemos, mas tenho optado pela solidão no lugar da companhia. É importante sentir-se só, algumas vezes. Ser silêncio dentro e fora. Não é que tenha decidido adotar uma postura solitária, mas não reclamo dos momentos reservados para um. Sabe a sensação de vazio que muitas pessoas sentem quando estão desacompanhadas? Não a tenho. Consigo respirar por mim. Ouço umas músicas, folheio livros, vejo filmes. Deitado, observo as paredes, toco o ar, planejo viagens, vislumbro paixões.
Coisas triviais que são almejadas, substituídas e concretizadas num único espaço, no meu. É aceitar o fato de que é preciso conhecer a si antes de colocar a cabeça em outro lugar. É também uma forma de massagear o coração. Solidão é terapia de amor próprio. Do tipo na qual você estabelece intimidade consigo, podendo ajeitar emoções e pensamentos do jeito que quiser. Não há impedimentos, prazos ou preocupações urgentes. No silêncio, você vive. Na solidão, você evolui.
Claro, aceito convites, abraços e histórias. Bons sentimentos compartilhados serão sempre benditos e bem-vindos. Mas também tenho paz na minha companhia. Também vejo graça nas conversas exclusivas dos meus eus. Interagir é importante.
Ultimamente sou mais uma nova fase. Ando redescobrindo o prazer da minha sanidade, da minha parceria. Gosto das companhias que me são oferecidas, mas nutro um amor incondicional pelo tempo cedido ao meu lado.
Imagem de capa: Eterno Amor (2004) – Dir. Jean-Pierre Jeunet
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