Os olhos daquela menina marejavam de esperança, porque ela era otimista por alegrias felizes e por sentimentos mais afetuosos. Tão pequenina diante de sua grandeza, ela carregava na alma as cicatrizes marcadas pelo tempo, mas não deixava de sonhar um sonho lindo e com um amor bem maior que tudo.
Talvez por causa da sua pouca idade, mas madura, ela sonhava com um mundo colorido, com um amor profundo e com uma alegria que divertisse todos os seus momentos na vida. E, também, uma vida de sonoridade, acompanhada de um repertório de afetos, onde pudesse pulsar um coração acelerado quando o amor lhe tocasse a sensibilidade.
Desejava que o afeto e a empatia fossem sinônimos, para que o egocentrismo não ocupasse o espaço em sua vida. Imaginava que, quando crescesse, o altruísmo fosse uma característica do homem e a sua maior virtude. Mas, não fazia ideia de que ser adulto, doía, porque a maldade do mundo não só lhe parecia ser normal. Ela era e é.
Porque menina, continuava sonhando com os dias felizes mais à frente de tudo! Organizava as gavetas da vida, criando espaços para a entrada de novos arranjos e critérios para as tomadas de decisões acerca dos seus desejos mais íntimos.
Esperava, ansiosa, por um amor promissor, que lhe possibilitasse um caminhar afável pela vida, sereno em sua plenitude. Um amor (in)definido, que perdurasse no tempo que transcorresse dentro dela, aguçando sua significação humana, feminina e mais íntima e mais necessitada de fé. Afinal, dizem que a esperança é a última a morrer!
Contudo, dos tantos medos que a amedrontavam, havia um que lhe furtava a coragem do deleite, da vontade mais desejada e da sensatez insensata que a alma preservava em sua essência e que a inibia ousar da leveza do ser: entrega-se ao amor sem desamor…
E com o tempo, atravessou o tempo levando consigo sua alma nua, despida de si.
E com o passar do tempo que a iluminava por dentro e por fora e a contento, sentiu bater em seu peito um sentimento de amor. E sem medo e receio, obrigou a emoção a lutar contra a razão, mesmo com medo de que a briga – por aquele amor – pudesse ser em vão.
Depois de tantos nãos jogados ao chão e tanto querer com que os desquer, que sua razão, subliminar então, se inquietou sem se ajeitar. Porque, quando a luz do tempo a fez delirar e seu coração de menina e corpo de mulher se transformaram em um, sem pudor nenhum, não se teve, do amor, um medo sequer.
E por fim, ao fim de tudo, os sentimentos guardados, interditados e resvalados pelo tempo, daquela menina, desapegaram-se, enfim.
Imagem de capa: Photographee.eu/shutterstock
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